CAPITULO 15

1.4K 56 4
                                    

CAPITULO 15

Luiza

O clima estava tenso e o cansaço começou a me dominar, mas eu tinha que ser forte, tinha muita coisa a ser resolvida. João estava angustiado desde que Násser se foi, ele andava de um lado para outro, passando as mãos em seus cabelos e barba e em seus olhos havia súplica.

Como eu encararia isso? Como seria a minha vida ao lado de um cantor que viaja de norte a sul sem parada certa todos os sete dias da semana?

Mas olhando aqueles olhos cheios de amor e dor, meu coração se dilacerava. Estar com ele assim era tão natural, tão imparável, não havia fluxo e refluxo de seu desejo por ela, apenas uma constante queda de necessidade em querer me manter arrastada no mais profundo feitiço de seus lábios. Ah, aqueles lábios.

_João, senta aqui – indiquei a lateral da cama e ele se aproximou se sentando – eu não menti quando lhe disse que sinto muito – seus olhos caíram – olha pra mim – ele elevou os olhos - eu realmente sinto muito por ter me afastado de você de tal forma, mas isso não significa que esta tudo resolvido.

_Lú... – eu o interrompi.

_Não..., deixe que eu terminar, você já esbravejou, gritou, e agora é a minha vez – fui firme – eu o amo sem sombra de duvidas, mas não há como mantermos uma vida e uma família com você viajando vinte dias por mês. E eu? E a Clarinha? Você já pensou nisso? – lágrimas corriam de seus olhos – como manteremos uma vida com você em outro estado a cada noite? E se ela ficar doente no meio da noite e precisar de um hospital? Quem vai nos levar? E as festinhas na escola? Como você irá?

_Luiza, eu vou parar de cantar...

_NÃO! Eu não posso pedir pra você fazer isso! – me desesperei – Você mesmo me disse que é a única coisa que você sabe fazer! Que é a sua vida!

Ele segurou meu rosto em suas mãos e disse calmamente:

_A única coisa que sei fazer é te amar. Não vou ficar sem você e minhas filhas. Vou ter que exercer minha profissão de formação e agencio alguns cantores, sei lá me viro, ... tenho um dinheiro aplicado e invisto em algo, sempre quis criar cavalos, posso comprar uma terra aqui próximo a Cuiabá e me virar. A única coisa que não posso fazer é deixar você e minha filha aqui e sair pra esse mundão como se nada estivesse acontecendo. Vocês são a minha vida. Aquele pingo de gente já é meu mundo.

Ele deslizou um de seus polegares em meus lábios.

_Casa comigo?

E a cascata de lágrimas caiu novamente, desse jeito eu iria ter que tomar litros e mais litros de soro ou ficaria totalmente desidratada.

_Isso é um sim? Ou você quer que eu ajoelhe aqui nesse chão de hospital, igual a algum filme americano, e tire um anel de diamante e coloque em seu dedo?

Não aguentei e cai na gargalhada.

_Não precisa disso tudo não... SIM, definitivamente sim.

                                                           ***

Já a noite, após um breve cochilo, acordei com Laurinha e Juliana sentadas ao meu lado com presentes e flores. Abri um sorriso de felicidade e as duas me abraçaram chorando.

_Ah suas bobas, parem de chorar, eu tô bem e a Clarinha também.

_Você... a.. ainda vai nos matar. – Juliana estava soluçando aos prantos.

Nesse momento João, Dona Clarice e Sophia entraram no quarto.

_Ó meu Deus! Não acredito que vocês vieram.

Somente você...Onde histórias criam vida. Descubra agora