CAPITULO 10
16 de fevereiro de 2013
_Luiza? ... Lúúúúú.... acorda menina... ei?!
_Hã? É eu vou sim, passo pra te pegar?
Merda, voei de novo....
_Lú, você está bem? Você tá pálida?
Laura tinha razão nos últimos dias eu estava veio pálida e enjoada, mas também, fevereiro em Cuiabá, queria o que? Era no mínimo 45ºC, e umidade relativa do ar estava baixíssima. Qualquer ser humano passaria mal.
_Tô bem sim, eu vou pra clínica que tenho alguns pacientes, mas acho que antes das 16 horas estarei livre ai podemos ir pra piscina, mas ao invés de irmos ao clube militar, vamos lá pra casa, me mudei para aquela enorme casa e vocês nunca foram me visitar.
Laura pensou.
_Ah, tá certo então. Cerveja ou ice?
_Ice.
_Tá certo Lú, vai trabalhar que eu vou passar o cartório e até mais tarde e animo porque hoje é sexta-feira!
Ela estava certa e eu sabia disso, mas minha vida estava seguindo no estado automático. Desde que voltei de Goiânia há quase um mês, nada me interessava, nada me prendia por muito tempo ou me tirava desse meu momento depressivo, mas o que se faz quando se tem Laurinha e Jú como amigas? Elas não me deixam nem respirar e quando notam que estou pensando nele, chamam minha atenção para outro assunto até que me esqueço novamente e foi assim desde então.
Não tenho notícias dele, em casa não me permito ver tv e não ouço mais o radio dentro do carro. Não quero nada que me traga essas lembranças, mas quando estou no silencio de minha casa me sinto aquele lixo novamente. Foram, momento maravilhosos, mas que deixaram tristezas e um enorme buraco no meu peito, e então ali percebi que era somente eu.
***
Quando eram 16 horas, me despedi da minha ultima pacientezinha, deixei instruções para Paola e sai rumo ao mercado. Desde que voltei estou a base de macarrão instantâneo e já que receberei minhas amigas deveria pelo menos fazer cara de paisagem e servir algo para comerem, algo descente.
Passei em um hipermercado comprei uns petiscos, alguma comida de verdade e não resisti a um pouco de limão taiti.
As 17 horas eu já estava em casa e não passou muito tempo e me chamaram no interfone.
_Ei, doutorzinha, temos um monte de ice geladinha para senhora examinar....
_Entrem meninas tô na cozinha.
Eu estava organizando as compras nos armário enquanto as lindezas cuiabanas entravam e admiravam meu lar.
_Lú do céu! Que casa linda! – a Jú nem se deu o trabalho de fechar a boca de tão abismada que estava.
_Luiza, onde coloco essas bebidas?
_Laura, lá fora, do lado da piscina tem um frigobar, coloca lá que fica perto ai não molhamos a casa.
_Hum chiquerérrima! – Laura era uma cachaceira nata e hoje a regra era Chapar o côco.
Subi para o quarto coloquei um biquíni e me senti meio enjoada. Desci as escadas de vagar e ando cheguei a cozinha escutei as risadas altas . aquelas vacas já estavam na piscina.
Antes de me juntar a elas, fiz um copaço de CB e bebi quase que metade de uma vez, e lá fui eu rumo a minha bebedeira.
Bebemos 40 garrafinhas de ice acompanhadas de calabresa, cubos de mussarela e presunto. Laura ficou tão bêbada que dormiu sentada no vaso sanitário de um de meus quartos de hospedes, já a Jú, dormiu no sofá mesmo e eu me deitei de biquíni e toda molhada e acordei podre. Corri para meu banheiro e vomitei tudo o que tinha comido a noite anterior me senti doente. Desci e acordei a Ju e disse eu ia a uma farmácia comprar algo para nossos fígados. Mas acho que ela nem me ouviu.
Ao sair da drogaria uma senhora estava aos prantos junto a sua filha adolescente que acabara de descobrir que estava grávida. A senhora gritava enfurecida com a filha, e a garota suplicava por piedade da mãe. Eu me aproximei e tentei acalmar a senhora e a levei para um banco que ficava ali mesmo na calçada.
_Senhora, acalme-se, agora não adianta puni-la.
_Mas eu avisei essa vagabunda – a mulher estava realmente enfurecida – que aquele filho da puta era um muleque e que só queria aproveita de sua ingenuidade.
A menina ajoelhou perante a mãe, com os olhos vermelhos de tanto chorar:
_Você quer que eu faça um aborto mãe?
A senhora a olhou estática e naquele momento parecia que nenhuma gota de sangue corria em suas veias.
_Minha filha, Deus sabe o que faz – finalmente havia tranquilidade em sua voz – se essa criança entrou nesse momento em nossas vidas, é porque há um propósito.
Eu fiquei com essa frase martelando em minha cabeça. Como seria se fosse eu no lugar dessa garota. Como eu reagiria sem o apoio da minha mãe que me expulsou de casa? Comecei a pensar no meu estomago que ultimamente anda me pondo exausta, as tonturas e minha mesntruação que a algum tempo estava atrasada.
Atrasada.
Atrasada?
Puta que pariu!
Voltei à farmácia e comprei meia dúzia de testes de gravidez, uma de cada fabricante. Eu já sabia a resposta para isso, é claro. João tinha usado preservativo, algumas vezes, mas eu tomava pílulas, disso me lembrei claramente.
Corri pra casa e nem dei atenção as meninas. Entrei em minha suíte e fui direto para o banheiro. Apesar do choque de ver que a linha azul em cada um dos 9 testes que comprei, a palavra GRÁVIDA não saia da minha cabeça, não conseguia acreditar nesse vacilo.
_Pô! Eu sou médica! Como deixei isso acontecer?
O que?
Para tudo?
Grávida?
Eu?
Grávida?
Merda, merda, merda...
_Puta que pariu!
Não era possível.
Não bastava tanta merda na minha vida.
E eu estava gravida.
E gravida do João!
Tinha merda maior que essa?
Desci as escadas e dei os medicamentos as meninas e fui fazer uma comidinha “cura ressaca”.
Resolvi fazer uma omelete light, pequei pimentão, tomates e queijo e quando quebrei os ovos, não deu para aguentar, corri para o banheiro ao lado da cozinha e vomitei tudo. E pra ajudar, os malditos enjoos.
_Lú, tá tudo ok?
_NÃO, NÃO TÁ!
Fui pra cozinha e comecei a chorar desesperadamente.
_Menina o que foi? É por causa da bagunça?
_Não, eu...MERDA!!!! Eu, ... eu tô grávida.
_O que? – os olhos da Jú iam de mim para Laura, espantados.
_É isso. Eu estou gravida e adivinhem! O pai não quer saber de mim.
Elas me abraçaram afetuosamente e ali vi que realmente amigos são irmãos que escolhemos.
_Lú, você tem que ligar pra ele e contar – Jú disse em um estalo.
_O quê, não,....? Não vamos falar nada, nem pra ele e muito menos para meus pais.
_Amiga! Você acha que isso está certo? Ele tem direito.
_Laura, ele perdeu o direito o momento que me chutou da vida dele!
O resto daquele dia ficamos esparramadas no sofá vendo tv, cochilando e eu, vomitando.
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Somente você...
RomanceUma história apaixonante de uma jovem médica que descobre o amor no lugar menos provável. Você vai se encantar por Luiza e sua louca vontade de amar. Boa leitura!!!