Capítulo 5: "Porque dói tanto?"

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2Eu não o queria ali deitado na cama comigo. Eu não queria que ele soubesse que a causa das minhas lágrimas fosse ele e que simplesmente não poderia fingir que nada se passara. Eu simplesmente não sou assim, sou a pessoa mais sentimental do mundo e estava a viver os sentimentos de quatro pessoas num único coração. Afastei-me dele, colocando-me na ponta da cama.

-O que fazes aqui? – Tentei mudar o meu tom e fingir que não chorava, mas simplesmente sabia que não tinha sido convincente.

-Eu ouvia-te a chorar do meu quarto e vim dar-te apoio.

-Não te quero na minha cama, Branimir.

-Porque estás a ser tão bruta? Só te estou a oferecer o meu ombro amigo. – Eu queria gritar-lhe para sair dali, para me deixar mais o meu sofrimento, queria dizer-lhe que ele simplesmente não poderia estar ali, era incorreto, queria chatear-me, realmente com ele, mas não o iria fazer.

-Sei perfeitamente onde isto vai dar e não quero.

-Não vim aqui com essa intenção. – O tom dele era tão calmo que chegava a irritar-me. Como é que ele conseguia lidar com isto com tanta naturalidade?

-Desculpa se eu não sou boa pessoa para dar uma boa voltinha e depois fingir que nada aconteceu. Desculpa se eu me sinto usada. – Disparei esta frase sem o perceber, não era de todo minha intenção.

-Eu não te usei.

-Então o que fizeste comigo? – Ele sentou-se na cama e respirou fundo antes de me responder.

-Eu não tenho resposta para isso. Não tenho resposta para o que aconteceu.

-Deixa-me apenas sofrer em silêncio, pode ser?

-Mariana, simplesmente isso não vai acontecer, eu não quero e não posso deixar-te fazer isso. Magoa-me ouvir-te a chorar e a pensar que o culpado sou eu.

-Tu provocaste-me e eu respondi, a culpa é dos dois, não foi uma violação.

-Eu prometo que não te toco, mas deixa-me ficar aqui pelo menos até parares de chorar.

-E porque farias isso?

-Sou teu amigo, é o mínimo que posso fazer.

Não me dei ao trabalho de lhe responder, encostei a cabeça à almofada e prometi a mim mesma que não chorava mais, até porque o queria longe dali e só se parasse é que ele se iria embora. Preferia sofrer sozinha e em silêncio, nunca com ele ali. Mas acabei por adormecer com facilidade e rapidamente, talvez porque o meu corpo sentira com facilidade todas aquelas lágrimas que caíram e estava cansado.... Acordei com um pesadelo a meio da noite e acordei-o também. Comecei a chorar sem parar, novamente e ele abraçou-me.

-Porque dói tanto?

-Porque tem de doer. Porque o que fizemos não é o correto, mas com o tempo vamos aprendendo a lidar com este sentimento.

-Já passaste por isto antes?

-Não, eu amo a minha namorada e estamos juntos à mais de 3 anos, nunca pensei que isto fosse acontecer, mas tenho de pensar friamente, é o melhor para todos.

-Como consegues fazê-lo? Eu só consigo chorar e sofrer.

-Evita pensar nisso. Sempre que o teu cérebro quiser fazer, pegas numa caneta e escreves, porque eu sei que tu gostas de fazê-lo, eu pego no comando e jogo playstation, porque sei que não que posso jogar à bola, é uma forma de me distrair.

-E quando falas com ela, não te lembras do que se passou? E não vives com um nó na garganta?

-Ainda não tive coragem de falar com ela...

-Sei que vais conseguir esconder bem, isto. Aliás tu tens sido incansável e impecável nestes momentos.

-E será que é isso mesmo que nós queremos fazê-lo? Esconder o que se passou?

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