Capítulo 18: "Mas eu não queria de todo magoar-te."

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Mariana

Sabia que talvez o que fiz, não fosse o mais correto, mas não havia forma de evitá-lo. Não queria magoar nenhum deles, mas porque me seguira o Branimir, afinal? Para me provocar? Tenho a certeza que não era apenas para ser simpático comigo. E eu aproveitara-me, embora não da melhor forma, confesso, desse facto. Não o tinha provocado, afinal como pode ser considerada uma provocação quando beijamos o nosso próprio namorado para o cumprimentar? Talvez esta fosse a melhor forma de afastar todas as ideias que percorriam aquela cabeça, como o pôr fim à relação que tinha com a namorada, porque isso sim, seria a coisa mais idiota que ele faria na vida e, ele já cometeu vários erros, como por exemplo, o número incontável de vezes que nos envolvemos! Bolas, porque não conseguia parar com aquilo? Olhei para a porta do prédio e vi-o cabisbaixo e a voltar para casa, confesso que foi um pouco duro e por alguns segundos senti-me mal comigo mesma, mas tive de afastar tais pensamentos da minha cabeça, não tinha feito nada de errado e tinha morto dois coelhos de uma cajadada só, uma expressão muito portuguesa, mas eu teria todo o gosto em ensinar ao croata!

-Mariana? Parecias distante no teu beijo... Eu tenho andado para perguntar-te, mas não sabia como o fazer. – Porra! Será que ele tinha descoberto?!

-Estás a deixar-me ansiosa e sabes que eu não gosto disso.

-Parece que me tens afastado, que me evitas e eu queria perguntar-te o porquê. Foi por causa daquilo do outro dia?

-Tenho de falar contigo, mas não é o sítio certo.

-Vamos para o meu carro. – Seguiu até ao carro e tentei durante aquele tempo pensar na forma indicada para o fazer embora não houvesse de forma alguma. Perdi a conta à quantidade de vezes que respirei fundo, o ambiente no carro estava tenso, pesado, e eu não tinha coragem de o fazer. -Podes só explicar-me porque queres acabar comigo? – Como... Como assim? Como conseguiu ir tão direto ao assunto? E descobrir o que queria fazer? – Pudemos não estar juntos à muito tempo, mas eu já te conheço bastante bem e apenas quero saber porquê.

-André... - Hesitei. – Eu acho que não gosto tanto de ti quanto pensava. – Acabava por ser verdade, mesmo que não fosse uma verdade completa. Quanto a isso, ele não precisava de saber todos os detalhes, ela não o queria magoar. Sabia que ia fazê-lo, mas não queria deixá-lo completamente desfeito, talvez assim fosse mais fácil. – Desculpa de coração, mas eu não queria de todo magoar-te.

-Sai do meu carro.

-André.

-Sai. – Os olhos dele estavam vermelhos, estava prestes a chorar e ela sabia-o, também não estava melhor, mas iria obedecer ao pedido dele, iria pela primeira vez em muito tempo respeitá-lo. Abriu a porta do prédio e a dor que tinha no peito começou a tornar-se insuportável, as lágrimas escorriam-lhe pela cara. Tinha o namorado que sempre desejara ter e tinha-lhe sido infiel, com uma pessoa que a irritava profundamente. Subi as escadas cheia de dificuldade por causa das lágrimas que se iam acumulando nos meus olhos, mas nunca iria dar parte fraca à pessoa mais irritante do mundo, limpei as lágrimas, respirei fundo um número interminável de vezes e tentei fingir que estava tudo bem, o que acabava por não ser problema, afinal o que tinha feito eu durante estes últimos tempos?

-Se tu soubesses o quanto te odeio. – Gritou-me o Branimir quando entrei em casa.

-O sentimento é recíproco!

-Se me odeias tanto porque me provocas assim? – Entrou pelo quarto adentro, eu tinha, definitivamente comprar uma fechadura para trancar a porta.

-Ouve lá, desaparece daqui, estou sem o mínimo de paciência! – Empurrei-o contra a parede. Estava sem o mínimo de paciência para o ver, ouvir, para lidar com ele ou qualquer outro sentimento eu queria espaço, apenas isso.

-O que é que o namoradinho fez para te deixar assim?

-Eu não te admito! – Pela primeira vez na vida senti uma raiva física dele, não do género saltar para cima para o beijar, mas para lhe bater. Olhamo-nos nos olhos e eu percebi que nada era assim tão simples, afinal o que era entre nós? – Branimir!

-Foste tu que me ensinaste que a vingança se serve fria. – Começou a distribuir beijos pelo meu pescoço por várias zonas e muito lentos, o que me fazia sentir calor por todo o corpo, o que me fazia desejá-lo. Mais uma vez.

-Um dia vamos parar com isto. – Disse e desta vez fui eu que tomei controle da situação. 

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