Capítulo 36: "Deixa-as falar, o que importa é que somos felizes"

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Mariana

Assim como o jogo, a semana seguinte passou a uma velocidade incrível. Tão rápido que mal dei por isso e estava à chuva, em pleno mês de Maio, a festejar mais um título, desta vez, a Taça de Portugal, para o clube do meu coração em pleno Jamor. Apesar do meu loirinho não ter sido convocado, ele sentiu aquela vitória como se fosse também dele e em certa parte também o era.

-Nunca te vi tão feliz quanto hoje. – Sussurrei-lhe quando andávamos de mãos dadas orgulhosamente no relvado. Não tínhamos vergonha de assumir que estávamos juntos e felizes.

-Sou campeão e estou ao lado da mulher que amo, que posso fazer mais?

-Só beijar-me.

-Tens a certeza? As pessoas podem ver e comentar.

-Achas que já não o fizeram? Deixa-as falar, o que importa é que somos felizes.

-Sou tão sortudo por te ter! – Sussurrou ao ouvido e de seguida deu-me um beijo mesmo que rápido. – Estás pronta para amanhã ir conhecer o meu país?

- Estou ansiosa por ir conhecer as tuas origens mas nervosa ao pensar que vou conhecer a tua família.

- Eu gostava que os conhecesses mas não te vou obrigar a nada.

- Se tu queres fazê-lo, eu também quero, Branimir. – Olhei-o nos olhos e ele sorriu-me. – Como vou falar com eles? Só sei umas palavras simples em croata!

-Os meus pais e os meus irmãos falam excelentemente o inglês, descansa. – Soltei um sorriso nervoso.

(Dia seguinte)

Respirei fundo quando o avião estava prestes a levantar voo, tinha algum receio de alturas e sabia as dores que tinha de ouvidos devido à altitude do avião, mas fazia um esforço por ele. Nunca pensei vir a apaixonar-me por alguém mais novo que eu, mas com tanta maturidade, com quem iria partilhar uma história tão forte. Nem nos meus sonhos iria pensar em viajar até Zagreb, para conhecer a terra que o viu nascer e a sua família. Estava apaixonada, aliás, estávamos, o que poderia fazer? Assim que aterramos e nos levantamos, senti as minhas costas serem invadidas por um abraço.

-Branimir, está quieto, já viste o que é que as pessoas vão pensar?

-Citando alguém que amo, deixa-as falar, o que importa é que somos felizes. – Sorri-lhe e dei-lhe um beijo na ponta do nariz. – Eu percebi o teu medo e agradeço-te imenso pelo esforço que fizeste por mim.

-Só te quero ver feliz.

-Se nos cruzarmos com a minha ex-namorada, não lhe vais responder, vais sorrir e dar-me a mão. Não precisamos de fazer ciúmes, nem nada, vamos ser superiores, mostrarmos que estamos bem e felizes.

-Porque haveríamos de nos cruzar com ela?

-Nós vamos ficar em casa dos meus pais e ela é nossa vizinha. – Confesso que não esperava. Se olhasse para ela, iria sentir um enorme peso em mim, os malditos remorsos iam consumir-me.

-Está descansado, se alguma vez nos cruzarmos, vou fazer questão de lhe pedir desculpa. – Fiquei curiosa com o seu físico, afinal como a iria reconhecer se nunca a vi ao vivo. – Eu sou mais bonita que ela?

-De longe, amor. – Deu-me um beijo na bochecha.

Assim que agarramos nas malas, saímos e eu não conseguia parar de tremer, Branimir percebeu e deu-me a mão.

-Eles vão adorar-te, de certeza. Aliás, como não gostar de ti?

-Dizes isso mas houve alturas em que não me podias ver à frente.

-Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. – Adorei a expressão portuguesa que ele usara, afinal não tinha só aprendido o que era amar comigo, também aprendera outras características do meu povo, do meu país. – Vai correr tudo bem, prometo!

Assim que as portas se abriram para nós passarmos, vi uma família de 4 pessoas que mal o viu, sorriu e a mãe não pode evitar correr para ele e abraçá-los. Eles eram tão parecidos e estavam tão felizes por se voltarem a ver! De seguida, foi a vez do pai o abraçar, com quem o irmão, que era mais velho era parecido, enquanto que os seus irmãos se apresentaram e receberam-me com beijos e abraços. Não estava preparada para ser tão bem recebida, especialmente, por ter sido eu a culpada de um fim de uma relação tão longa e eles sabiam-no. Mas se o Branimir me amava, como podiam eles não gostar de mim? Tinha de acreditar fielmente nisso, mas também o senti na pele, através dos seus sorrisos e dos seus olhos carinhosos.

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