Branimir
O espetáculo dos golfinhos e leões marinhos foi, sem sombra de dúvida, dos mais bonitos que vi na minha vida. E embora me tivesse cativado, era mais forte que eu, o meu olhar escapar, mesmo que por segundos, para a minha doce companhia. A mais pequena e rebelde, loira de olhos verdes e a mais velha, a morena de olhos castanhos esverdeados. Parecia que ao olhar para a pequena, toda a dor provocada pelo aborto que a Mariana fez, me passasse com uma facilidade estranha. Ela não desistira de ter a Beatriz, mesmo que fosse a decisão mais fácil, e passava toda a dor de vê-la crescer com outras pessoas a quem chamava pais. Isso fazia-me admirá-la. Talvez fosse por isso que ela optara por abortar, porque não aguentava viver esta angústia novamente. Não a poderia censurar por isso, preferia nunca viver esse sentimento na pele.
-O que estás a pensar, Branimir Kalaica?
-Que nunca pensei amar uma pessoa que admiro.
-Estás a falar de mim? – Vi os olhos da Mariana brilharem. – Acredita que eu sou mais sortuda por te ter ao meu lado. – Demos um beijo rápido nos lábios.
-Meninos? – Interrompeu a pequena. – Quero ir almoçar.
-Tenho outros planos para a tarde com a nossa princesa.
-O que é?
-É uma surpresa, para ambas. – Informei. – Vamos lá comer.
Depois de comermos alegremente e com muita conversa no Mc'Donalds, fomos até ao carro e mais tarde até ao teatro onde íamos ver uma peça.
-Não acredito que nos trouxeste até aqui.
-Lembro-me quando tinha, mais ou menos, a idade da Beatriz de ir com os meus pais e com os meus irmãos, ver uma peça de teatro e que foi uma experiência que nunca mais esqueci! – Sorri-lhe e eu sorri-lhe de volta. – Claro que não é o mesmo com a menina, mas tu percebes.
-Um dia, vamos levar os nossos filhos ao teatro. – Apertou-me a mão. – Eu sei que neste momento podias estar a trazer também o nosso filho, mesmo que na barriga ao teatro e por isso peço-te, mais uma vez, desculpa.
-Mariana, não vais pedir-me desculpa por isso, o resto da nossa vida, pois não?
-Se quiseres levar comigo para o resto da minha vida, sim, vais ouvir-me pedir desculpa.
-Só se me prometeres que vamos ter, pelo menos, dois filhos, temos o assunto perdoado e esquecido.
-Prometo que depois de terminar a faculdade, posso dedicar-me 3 anos seguidos a fazer-te filhos!
-Prometes?
-Prometo. – Fizemos uma jura de mindinho.
-Vão ter bebés, prima?
-Daqui a uns anos, princesa e prometo que vais connosco ver os nossos bebés quando eles ainda tiverem na barriga.
-Obrigada Brimi e Mar! – Abraçou-nos.
Vimos a peça muito atentamente ao lado de Beatriz que se portou com uma menina crescida e ambos estávamos orgulhosos, como se fossemos nós os pais dela. Sabia que não era, mas gostava dela como se fosse do meu sangue, não como filha, mas como algo que não consigo especificar.
Depois fomos tomar um lanche numa pastelaria próxima, algum tempo depois deixamo-lo em casa dos seus pais e ela despediu-se de nós:
-Prima, gosto muito de ti, sabias? – Mariana ficou emocionada e conteve as lágrimas. A menina aproximou-se de mim e eu baixei-me para lhe dar um abraço e um beijinho. – Gostei muito de ti, Brimi! Promete que vamos um dia à Luz!
-Prometo! – Demos mais um abraço e fizemos uma jura de mindinho.
Pela primeira vez naquele dia, eu e a Mariana ficámos sozinhos.
-Agora está na altura da tua surpresa! – Ela sorriu.
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No Promises
Storie d'amoreA história de um romance proibido entre duas pessoas que se odeiam e que estão comprometidas com outras relações mas cujo destino tratou de unir com um sentimento... Ou talvez não. Quem sabe?