01. Pensamentos do Viajante

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      O ônibus entrava nos limites da cidade, juntamente ao amanhecer, naquela segunda feira.  Havia poucas pessoas no veículo. Uma delas era um moreno que pela idade deveria estar na escola, já que as aulas começaram há uma semana.

      O garoto tinha os cabelos negros revoltados, olhos verdes e uma pequena cicatriz na testa. Seu nome era Harry Potter.

      Foi justamente nesta última parte do corpo que o garoto reparou quando acordou, mesmo sem seus óculos, ele pode ver perfeitamente o contorno de raio que ela tinha. Era a única coisa que o lembrava seus pais, ou melhor, o acidente que vitimou seus pais.

      Um acidente de carro na noite do Dia das Bruxas quando o menino tinha um ano. Um motorista bêbado bateu no carro da família, forçando a ele a viver em um inferno, a casa dos Durleys.

      Todos acreditam que ele era feliz na casa da irmã de sua mãe, sua única parente. Não que Petúnia o maltratasse, o garoto até acreditava que ela gostasse dele, mas seu tio Valter e seu primo Duda faziam de tudo para atormentar sua vida.

      Seu tio não era violento, pelo menos fisicamente, era mais psicológico que tudo. Vivia reclamando dele, comparando com o filho, xingando e recriminando tudo que o moreno fazia.

      Ele estava voltando de um acampamento de férias que seu tio insistia em mandar o moreno para não ficar tendo que aturar o menino durante as férias. 

      Valter acreditava que o menino ia para um lugar desagradável, pelo menos essa era a opinião que Duda tinha do lugar. Mas todos sabiam que os primos não se davam e tinham opiniões diferentes sobre as coisas. Para Harry o lugar era um paraíso.

      E desde que fez catorze anos, ele se tornara monitor do acampamento e este ano era o chefe. Assim ele passou a ser pago para ir, ao invés de pagar, o que alegrou muito o Tio.

      Duda era um caso diferente, ele tentava acertar o primo sempre que possível, isto é, sempre que não tinha ninguém vendo. E para evitar ser espancado pela gangue do primo, ele sempre conseguia uma em cada cidade que morava, ele se tornou rápido e ágil, e procurava não dar mais motivos para o primo lembrar dele. Seja notas ou popularidade.

      Isso o tornou um menino solitário, e para alguns sombrio. Mas isso era porque ninguém o conhecia direito, sem ser sua tia.

      Ele estava se dirigindo para uma cidade que ele mal conhecia, sua família mudava muito seguindo o trabalho de seu tio.

      Ele tinha ficado na cidade de San Diego, que ficava na ensolarada Califórnia. Ele tinha ficado dois dias na cidade, para poder arrumar seu quarto. Aliás, era um quarto que ele tinha que alugar, além de ajudar nas despesas da casa.

      Sempre que chegava em uma cidade ele era obrigado a arrumar um emprego. Mal sabia o tio que ele tinha muito dinheiro guardado, conseguido de atividades que era considerado pelo tio como vagabundagem.

      Harry sabia que esse tempo longe da cidade era para que Duda pudesse espalhar para todos que ele era um garoto problemático.

      Ele suspirou, sua vida não era boa, e ele só esperava ter a maioridade para sumir, mais isso ainda demoraria um ano.

      Logo o ônibus chegou ao seu destino e o moreno desembarcou. Não era muito longe da casa onde passaria esse ano. Então seguiu a pé para lá.

      - Você está atrasado para a aula e já perdeu a carona. – disse Tio Valter sorrindo ao ver o garoto chegando. – Melhor você se apressar. Não quer chegar atrasado justo no seu primeiro dia.

      Harry sabia que era melhor não retrucar, mesmo que a culpa disso tudo fosse do tio. Largou sua mala no quarto, que felizmente era o único a ter a chave e pegou sua mochila, apesar de não ter os livros ainda.  Era uma mochila velha toda remendada por ele mesmo, mas ajudava a compor seu personagem, ele sempre usava roupas pretas, mesmo no verão, algumas correntes e seu cabelo que não tinha jeito mesmo. O que quebrava um pouco esse visual Dark eram seus óculos, que era de um modelo simples de aros redondos.

      Ele apenas cumprimentou sua tia, e saiu para não dar motivos para o tio reclamar mais.

      Atravessou a rua e bateu na porta de uma casa, uma velhinha atendeu.

      - Bom dia, Sou Harry Potter, moro com meus tios no número 4, e acabei de chegar de uma viagem e gostaria de saber como faço para chegar na Escola Hogwarts.

      - Hum, você é diferente do que me contaram. – disse a velhinha de forma pensativa. – Sou a Arabela Figg. Hogwarts fica na avenida que você provavelmente passou para chegar aqui. Você pode andar até o fim da rua e virar a esquerda depois a primeira direita. Dois quarteirões a frente e a avenida, novamente para a esquerda, e você anda um pouco, a escola não tem como não reconhecer. É um castelo.

      - Muito obrigado, Sra Figg.  – disse ele. – Desculpe qualquer incomodo. Tenha um Bom Dia.

      - As aparências enganam. – disse Arabela para ela mesma. – Aquele com a aparência de bom moço é um pivete, e o sombrio mostra educação e gentileza. Dumbledore nunca erra.

      Harry seguiu as direções ditas pela simpática senhora e logo se encontrava em frente ao castelo. Acostumado a não expressar sentimentos, ele apenas deixou um brilho aparecer nos seus olhos, mas que logo se apagou. Não havia mais ninguém nos corredores, sim ele estava atrasado.

      Como não adiantava mais, ele andou calmamente até a sala do diretor, seguindo as placas indicativas.

      - Entre. – disse alguém quando ele bateu a porta.

      - Desculpe. Eu sou aluno novo. – disse Harry.

      - Sr Potter. – disse o diretor, um homem de mais idade, com uma longa barba branca. – Eu sou Alvo Dumbledore, diretor de Hogwarts. Eu só esperava o senhor dentro de uma semana.

      - Consegui chegar mais cedo. – disse o moreno encabulado.

      - Acredito que você veio aqui para saber as suas aulas.

      - Sim, apesar de estar atrasado, gostaria de começar logo as aulas.

      - Atitude sensata. – disse Dumbledore. – Sua primeira aula é Matemática com a Professora Minerva McGonagall, na sala 305.

      - Obrigado, Senhor. – disse Harry.

      - Seu primo freqüenta as mesmas aulas que você. – disse Dumbledore novamente. – Ele poderá te ajudar nas aulas que perdeu.

      - Com certeza. – disse Harry com ironia, que não passou despercebido pelo ancião.

      - A professora McGonagall ficou de passar aqui, ela poderá te acompanhar. Alguns alunos acham muito difícil andar pelos corredores. – alguém bateu à porta. – Eu não disse. Entre Minerva.

      - Alvo. Bom dia, Potter. – disse ela, um instante antes de perceber o que falara, mas agiu como se fosse normal. – Vim trazer o relatório de detenções da semana passada.

      - Hum, sete alunos do último ano. Situações diferentes, mas sempre as mesmas, brigas, cigarro e ironias com o professor de química.

      - Os alunos não aprendem a não irritar o Snape. – disse Minerva.

      - Severo não aprende a evitar isso. – disse Dumbledore.

      - Também. – disse ela.

      - Acho que está na hora da próxima aula. – disse o diretor. – Eu entrarei em contato para falar quais serão as punições. Aproveite e mostre o caminho para sua sala para o senhor Harry Potter.

      Ela entendeu a indireta e concordou.

      Foi um pequeno tour, mas Harry achou que não conseguiria se lembrar de tudo, pelo menos as aulas do dia.

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