4 | Os Quatro Imortais

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O povo do vilarejo, apesar de toda a destruição, agradece à Kore e Eril, pela bravura de enfrentar os bárbaros. Muitos ficaram feridos mas não houve nenhuma morte, assim, o Império Mundial se retira.

Antes mesmo do raiar do dia as pessoas se reúnem e ajudam uns aos outros, cuidando dos feridos e começando a reconstruir as casas. Kore e Eril não foram cobrados por sua estadia, porém, ainda sim, a elfa fez questão de pagar.

Após dois dias de repouso, Kore está recuperado o suficiente de seu ferimento para seguir viagem. A dupla, então, parte do vilarejo, após abastecer seus suprimentos.

A maga e o monge caminham por um dia inteiro, passando por um terreno árido, até que, próximo do pôr do Sol, adentram em uma floresta. Esta rodeia a montanha, que é seu destino.

Apesar da floresta não aparentar oferecer perigo, a dupla se reveza para dormir enquanto acampam. O primeiro a ficar de vigília é Kore.

As horas passam, o céu limpo permite que a luz das estrelas se torne visível, mesmo por entre os galhos das árvores. Próximo à elfa, que dorme em um fino colchonete, está uma fogueira, que serve de iluminação e também para assar um lagarto, capturado pelo monge.

Enquanto prepara o alimento, Kore está sentado em uma pedra. Ele se mantém olhando para a palma da mão, que está voltada para cima, enquanto se concentra. Por diversas vezes ele parece desistir mas logo torna a se concentrar novamente, até que ouve uma voz conhecida, que sussurra próximo à ele.

— Está pulando etapas, Kore. — diz Eril, que acabara de acordar. — Não ouviu nada do que a senhorita Lisica ensinou?

— Eu ouvi. Eu preciso primeiro liberar o segundo selo de Mahou antes de tentar aprender um elemento. Mas ela não está sempre certa. — responde Kore. — E pare de chamar ela de senhorita, ela não merece todo esse respeito.

Eril respira fundo. — Kore, eu sei que você é jovem, sei que esta é uma idade de rebeldia, para os humanos, mas no momento em que você aceitou essa missão, não poderá se dar ao luxo de amadurecer como os demais. Preciso que você faça isso mais rápido e se torne responsável logo. Não há lugar para crianças nessa missão. Por favor, pense nisso.

Eril torna a deitar em seu colchonete, enquanto Kore fica pensativo e envergonhado. Lisica, apesar da infantilidade, era uma ótima mestra e merecia seu respeito.

Após algum tempo, Kore decide adentrar um pouco na floresta, à uma distância onde ainda era possível enxergar Eril dormindo. Ele se coloca em posição de luta, respira fundo, e lentamente começa a fazer movimentos de luta, em uma mistura de treinamento físico e meditação.

Enquanto se movimenta, os ensinamentos recebidos percorrem sua mente, um tanto misturados mas, que em sua cabeça, faziam total sentido.

Limpe sua mente através da concentração e então preencha este espaço com seu conhecimento. Está tudo lá, apenas coloque as coisas em seu devido lugar.

Quando descobrir onde cada peça se encaixa, as amarras serão soltas naturalmente.

Lembre-se que o domínio do mahou vem da razão, mantenha o foco e fluirá com naturalidade, perca a cabeça e restringirá seu potencial.

O dia começa a clarear, Eril acorda com o som dos pássaros cantando. Ela parece descansada, mas logo se lembra que deveria ter trocado com Kore o turno da vigília.

Ela se levanta rápido e percebe o garoto, sentado no chão em posição de meditação. No que ela se aproxima, ele abre os olhos.

— Não quis te acordar. Mas não se preocupe, descansei bastante nos dias em que eu fiquei de repouso e estou sem sono.

ALMARA: Ameaça de XibalbaOnde histórias criam vida. Descubra agora