28 | Por um fio

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A sala era branca e de uma limpeza impecável, com diversos instrumentos estranhos, alguns presos à parede e outros sobre mesas de alumínio, igualmente impecáveis.

Uma mulher, de cabelos presos e uma touca, utilizando uma máscara quadrada que cobre apenas a boca e o nariz, retira suas luvas de borracha, cobertas de sangue, colocando-as em uma lixeira.

— Em duas horas faça a troca de turnos e me mantenha informada de qualquer alteração no quadro do paciente. — solicita à um homem com vestes semelhantes às suas, que apenas sinaliza com a cabeça que entendeu.

Enquanto sai da sala, ela retira também a máscara e a touca, saindo por uma porta dupla que leva à um longo corredor.

Ela caminha rápido, ajeitando seu jaleco branco. Desce um lance de escadas, passa por mais corredores e portas, até que chega à um salão maior, onde diversas pessoas aguardam sentadas em cadeiras enfileiradas.

Entre eles estão Eril e Algar.

Ao ver a mulher de jaleco branco, Eril prontamente corre em sua direção.

— Doutora, como ele está? — com um ar de extrema preocupação.

O rosto da mulher indica que algo não vai bem.

— Serei sincera com vocês. O quadro dele é gravíssimo. Todos os seus órgãos foram afetados. Alguns deles foram destruídos quase que por completo. Os músculos do abdômen rasgaram de uma forma que não sabemos se iremos conseguir refazer, além de vários ossos quebrados. Sua coluna se partiu, o que acabou sendo melhor, pois se tivesse sido esmagada, mesmo nossa magia não poderia consertar. No momento estamos tentando reconstruir seus órgãos vitais, mas vocês devem se preparar para o pior.

Eril segura a mão de Algar, apertando-a com força.

— É um verdadeiro milagre ele ainda estar vivo, mas não creio que ele passe desta noite.

— Não tem nada que vocês possam fazer? — suplica a maga, com lágrima nos olhos.

— Princesa, nós somos o melhor hospital de Almara, com os mais qualificados alquimistas médicos e magos de cura que existem e lhe garanto que iremos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para salvá-lo. Ainda sim...

Algar abraça Eril, tentando confortá-la.

— Eu lhes manterei informados. — inclinando-se em reverência e então voltando pelo corredor que veio.

Antes que a doutora consiga chegar até a porta dupla, para seguir o caminho de volta à sala de cirurgia, ela se abre e surge Voughan, com seu tórax enfaixado e dois médicos ao seu redor, tentando impedi-lo de sair.

— Me deixem em paz! — enquanto tenta driblá-los. — Eu estou bem. Me deixem passar.

— Seu ferimento é profundo, seu coração foi atingido e ainda não está totalmente recuperado. — informa um dos médicos.

Vendo que não o deixariam passar, o shamarg coloca sua mão no rosto de um dos médicos e o empurra de leve para trás, abrindo caminho e conseguindo chegar até Eril e Algar.

— Eu ouvi bem? O verme vai morrer? — pergunta, com uma preocupação anormal para ele.

— Ainda não temos certeza. — responde o anão. — Mas o quadro dele é realmente ruim.

— Mas que droga! — ele bate com força na própria perna e o movimento brusco parece lhe causar dor em seu ferimento no peito. — Porque ele lutou contra meu irmão? Aquela luta não era dele.

— Foi tudo tão rápido. Ele acabou entrando em uma luta sem sequer saber direito o que estava acontecendo. Ele te carregou quando você foi nocauteado e então partiu para cima de Radagart quando ele disse que iria levar a princesa com ele. Um único soco fez todo este estrago. Aquele cara é realmente assustador.

ALMARA: Ameaça de XibalbaOnde histórias criam vida. Descubra agora