17 | Celestiais

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Cidade de Pea Nui, seis horas após o encontro com Ákyros na cidade vizinha, onde agora há apenas uma gigantesca cratera.

O povo da cidade de Phaedra, agora destruída, se aglomera, sem ter para onde ir, esperando serem acolhidos na nova cidade.

Os soldados, vestindo armaduras de bronze, auxiliam as pessoas com comida e abrigo, com a ajuda de Algar, que se solidariza com o sofrimento daquela gente, visto que também acabara de perder sua cidade natal.

— Isso é tão triste. — lamenta Eril.

— Nem me fale. Algar ficou bem sentido com tudo isso. Ele também perdeu tudo. — complementa Kore.

— Por hora vamos deixar ele ajudando essas pessoas. Isso vai fazer bem à ele. Enquanto isso, vamos procurar o prefeito da cidade, também quero fazer algo. Posso pedir ao meu irmão enviar soldados, comida e dinheiro.

— É verdade, às vezes esqueço que você é uma princesa.

— Voughan, você pode tomar conta da carruagem? — solicitando ao grandalhão.

— Não tem nada de interessante pra fazer aqui. — responde o shamarg, praticamente ignorando o pedido de Eril. — Gente triste não gosta de lutar.

— Bem, não sei como é esta cidade, podem haver ladrões. Se alguém tentar roubar nossa carruagem, você pode bater nele.

— Que seja. Vou dormir. — diz enquanto entra no veículo.

A maga e o monge se afastam, indo em direção ao centro da cidade.

— Acha que podem tentar roubar nossa carruagem? — pergunta Kore.

— Pessoas em desespero, que acabaram de perder tudo, podem fazer coisas desesperadas, sem falar que existem pessoas ruins que se aproveitam desse tipo de confusão para roubar até mesmo das pessoas que acabaram de passar por um desastre desses.

— Mas esta cidade parece tão calma. Não acho que existam bandidos desse tipo aqui.

— Também não acho, mas foi uma forma de impedir o Voughan de arranjar confusão, afinal, vamos ver o prefeito da cidade, não quero ele falando ou fazendo alguma besteira.

— Você está certa. — diz o monge, olhando fixamente para a maga. — Você é bem inteligente... e bonita.

O elogio chama a atenção de Eril, que volta seu olhar para Kore, deixando-o corado imediatamente.

— Nós raramente temos um tempo à sós. — inicia, envergonhado. — Já faz um bom tempo que eu queria dizer uma coisa mas não tive oportunidade. Estive pensando que você... que nós...

Um silêncio se segue após as palavras de Kore, enquanto ele reúne coragem para continuar. Porém, antes que pudesse prosseguir, uma música chama a atenção de ambos, principalmente de Eril.

— Esta música...

A garota aperta o passo, procurando de onde vinha a melodia.

Os ouvidos elficos conseguem identificar facilmente o som vindo de uma lira, mas para um humano ainda era difícil distinguir.

Por entre multidões, casas e becos eles correm até chegar em uma praça com um grande chafariz, construído ao redor de uma estátua monumental do rei de Pea Nui.

Aos pés do chafariz, um belo elfo de traços juvenis e delicados, dedilha suavemente uma lira prateada, de onde extrai uma melodia realmente cativante.

A garota se aproxima para ouvir, junto à uma enorme quantidade de pessoas que param suas vidas para ouvir o harmonioso som.

Um pouco a contragosto, Kore também aproxima-se, ficando ao lado da maga, ainda esperando o momento certo para falar.

ALMARA: Ameaça de XibalbaOnde histórias criam vida. Descubra agora