35 | Contrato de Invocação

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Lá estava Kore, sob o ar rarefeito e aquele céu alaranjado, rodeado por dezenas de monstros.

Estranhamente nenhum deles o atacou e o monge caminhava livremente entre eles.

Kore avistou um monstro semelhante à um gorila, mas com uma espécie de casco com espinhos nas costas. Algo em suas feições fazia parecer que se tratava de um ser racional, então Kore tentou uma aproximação.

— Com licença, você fala a minha língua? — referindo-se ao gorila de três metros de altura.

O monstro aproximou seu rosto ao de Kore, olhou-o de cima à baixo, cheirou-o e fez uma expressão de desprezo, virando-se de costas.

— Hei! Não me ignore. — revoltado com a atitude do gorila. — Estou aqui para fazer um contrato.

— Nunca faria contrato com alguém com um mahou tão fedorento e fraco.

— O quê? Meu mahou não fede coisa nenhuma.

O monstro apenas olha para o monge por cima do ombro.

— Suma daqui!

— Quer saber, também não quero um arrogante como você como meu parceiro.

Ele caminha pela região por mais algum tempo até que, inesperadamente, um pequeno monstro, semelhante à um bicho-preguiça, salta e o agarra, abraçando sua cintura.

— Hei! O que é isso? Me solta! — empurrando o pequenino pela cabeça, mas sem sucesso.

— Seu mahou é docinho. Faz o contrato comigo. Faz o contrato comigo.

— Sem chance, você não serve para o meu propósito. Preciso de um monstro forte para lutar por mim.

Fazendo um certo esforço, mas com cuidado para não machucá-lo, Kore consegue se desvencilhar do pequeno monstro.

Ele encontra uma grande árvore de tronco azulado e com enormes folhas roxas, do tamanho de lençóis. Kore então utiliza uma das folhas, enrolando-a no corpo como se fosse uma toga.

— Não me sinto à vontade andando por aqui sem roupas.

Do topo da árvore seria possível enxergar mais longe, então Kore decide subir.

A árvore é muito alta e seu tronco muito largo. Kore escala até pouco mais da metade da altura total, ficando em pé sobre um de seus galhos, largos o suficiente para comportar até mesmo uma carruagem.

Enquanto observa, ele percebe um pólen no ar e, em seguida, um inseto gigante desce até o galho, pendurado por um fio de seda.

De costas, o inseto, semelhante à uma larva, tem pouco mais de dois metros de comprimento, porém, quando se vira, revela ter em sua parte superior o tronco de uma mulher de pele verde claro e cabelos em um tom verde escuro.

— O que é isso? Você é uma centauro-inseto?

— Não sei o que é que está dizendo, queridinho.

— É que você é como os centauros, mas ao invés de ser metade cavalo, é metade larva.

— Continuo sem saber do que se trata, queridinho. Mas conte-me mais. — com um sorriso malicioso.

— Você não está interessada na minha história. Quer que eu continue respirando este pólen que você soltou. O que ele faz? Vai me paralisar ou fazer dormir?

— Você é bem espertinho. Tenho dos dois tipos, mas esse é para fazer você dormir.

— Eu sou um monge, essas coisas não funcionam direito comigo. Além do mais, posso ficar muito tempo sem respirar, como estou fazendo agora.

ALMARA: Ameaça de XibalbaOnde histórias criam vida. Descubra agora