18 | Ascensão Divina

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A movimentação à frente chama a atenção das pessoas nas carruagens, que tentam sair para verem o que está acontecendo.

Imediatamente os soldados se aproximam, à cavalo, impedindo a saída das mesmas dos veículos.

— Por favor, voltem para dentro dos veículos. — orientam os soldados.

— Estamos preocupados. — diz um homem de dentro da carruagem. — O que está acontecendo lá na frente? O senhor Uriel está bem?

— Já estamos resolvendo a situação. Não é nada com que tenham de se preocupar. Por favor não entrem em pânico, voltem para dentro das carruagens e fechem as janelas até tudo estar em segurança.

No chão, urrando de dor, está Kore, segurando o que sobrou de seu braço.

O sangue escorre sem parar e Araziel, ainda se recuperando de seu ferimento na asa, corre para ajudar.

— KORE! — grita o anjo. — Precisamos fugir. Vamos abortar a missão, ele é forte demais.

O monge serra os dentes para não gritar e aproxima seu rosto do ouvido de Araziel, falando baixo, pois a dor não o permite falar mais alto do que isso.

— Faça... esse sangue... parar.

— Primeiro vamos fugir, não temos tempo pra isso agora.

Com a mão que sobrou, Kore aperta o ombro do aliado, manchando-o com seu sangue.

— Pare este sangramento... Eu ainda não perdi.

— Está louco? Você não está mais em condições de lutar.

— PARE A DROGA DO SANGRAMENTO! — esbraveja, num misto de raiva e dor.

Imediatamente o anjo saca de seu cinto um pó dourado e o espalha pelo ferimento. O monge novamente range os dentes de dor, mas suporta. O sangue começa a escorrer cada vez mais devagar.

— Isso só vai deter o sangramento por alguns minutos.

— É o suficiente para eu acabar com esse cara.

— Kore, por favor, veja a diferença de poder entre vocês. Uriel liberou o terceiro selo, você obviamente ainda não.

— Eu não vou deixar o campo de batalha. Se quiser fugir, fuja sozinho.

— Porque faz questão de morrer aqui? Precisamos recuar e bolar um plano. Só então vamos atrás dele.

Com um olhar sério, Kore fita os olhos de Araziel e então aponta para Belvedere, que está amarrado dentro da carruagem.

— Está vendo aquele cara? Eu o odeio e não me importo nem um pouco com a vida dele. Se ele viver ou morrer para mim da no mesmo, volto para casa à tempo para o café da manhã, sem peso na consciência. Mas não é dele que se trata. Se ele morrer, uma pessoa irá ficar muito triste e eu não quero vê-la assim. Então eu vou dar uma surra nesse arcanjo e vou trazer Belvedere de volta. Vou fazer isso sozinho se precisar, mas sem a sua ajuda vai ser mais difícil.

Araziel imediatamente se volta para Uriel, preparando-se para a luta.

— Sua motivação é nobre, meu amigo. — diz o anjo. — Então proponho o seguinte. Você distrai Uriel enquanto eu resgato Belvedere.

— Feito!

— Mas temos de ser rápidos, seu ferimento vai voltar a sangrar em alguns minutos.

— Não precisa me dizer. A dor não vai me deixar esquecer disso.

O monge respira ofegante enquanto o suor escorre por seu rosto, não pelo cansaço mas pela força que precisa fazer para resistir a dor de seu braço esquerdo que foi amputado.

ALMARA: Ameaça de XibalbaOnde histórias criam vida. Descubra agora