22 | Cidade dos Mortos

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Mergulhada nos livros de magia, Eril mal percebe o que acontece ao seu redor.

O chacoalhar da carruagem motorizada acaba por acordar Kore, que dá um salto de seu leito quando percebe Voughan comendo o alimento contido em uma grande sacola.

— HEI! Essa comida é para todos nós. — exclamou, irritado.

— Eu sou maior e mais forte, então tenho que comer mais.

— Mas você comeu o suficiente para quase uma semana.

— Vê se não enche, cotoco. — referenciando o braço amputado de Kore.

— Um braço só é o suficiente para arrebentar você.

Ao ser ignorado, Kore cerra seu punho e golpeia em cheio o maxilar de Voughan.

O shamarg fulmina o monge com o olhar e faz menção de se levantar, mas Algar interrompe no momento certo, freando bruscamente a carruagem.

Mesmo Eril acaba despertando de seu transe literário, dirigindo-se à Algar.

— O que aconteceu? Porque paramos? — questiona a elfa.

— Princesa, veja com seus próprios olhos. — apontando para o cenário à sua frente.

Ela avista uma enorme área de solo enegrecido, com sua vegetação morta e uma nuvem escura no céu, que se mantém apenas em cima daquele local, tão densa que impede que os raios do Sol penetrem e iluminem a região.

— Este lugar sempre foi assim? — pergunta o anão.

— Não. — responde a elfa. — Com certeza não. Depois desta região iremos passar pelo reino dos bárbaros e então chegaremos à Galvas. Teremos de passar por aqui ou perderemos pelo menos duas semanas de viagem.

— Reino dos bárbaros!? — alertou-se Voughan. — Tenho que conhecer este lugar. Em frente com essa lata velha.

— Que rude. Esta carruagem é tecnologia de ponta. — reclama. — De qualquer forma vejo que não temos muitas opções.

— Vá com cautela, Algar.

— Pode deixar, princesa.

A medida que a carruagem avança, a escuridão parece tomar conta e o cenário é iluminado apenas por alguns fracos feixes de luz do Sol, nos pontos onde as nuvens são um pouco menos densas.

Algumas casas destruídas são avistadas, plantas mortas e secas tomam a maior parte da paisagem e então surgem os primeiros ossos à vista, seguidos de crânios e então esqueletos inteiros, jogados ao relento.

— Pelos deuses. — espanta-se a garota. — O que foi que aconteceu aqui?

— Pare a carruagem! — gritou Kore. — Tem alguém ali. — Apontando para uma pequena silhueta na escuridão.

Ao se aproximarem, percebe-se que trata-se de uma criança. Uma menina humana, com vestido comprido e o que parece ser uma rena de pelúcia em suas mãos.

Em um salto, o monge desce da carruagem e aproxima-se da menina.

— Olá, menininha! O que faz em um lugar desses?

Ela apenas o encara, pendendo um pouco a cabeça para o lado, como se tentasse entender algo.

— Está com algum problema? Onde estão seus pais?

Ela nada responde.

Quando Algar percebe algo e tenta alertá-lo.

— KORE, SAIA DAÍ AGORA!

ALMARA: Ameaça de XibalbaOnde histórias criam vida. Descubra agora