29 | Acordo

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O inseto mecânico voa à toda velocidade, sobrevoando as copas das mais altas árvores. Passa por montanhas e rios, batendo suas asas em impressionante velocidade, sem nunca perder o ritmo.

Avança em direção à uma grande cidade, passa por cima dos aldeões e suas casas, até chegar no colossal castelo que há no centro do reino.

Ele passa por uma janela, escapa de dois guardas mas em seguida é capturado, com facilidade, por um capitão que ali passava, pegando-o em pleno voo.

— Destinatário! — diz o capitão, claramente já conhecendo o funcionamento do robô ajudante e seus protocolos de funcionamento.

Ao ouvir o comando, o pequeno Acólito reproduz uma gravação, com a voz de Algar.

Princesa Eril. — com um som um pouco distorcido.

O capitão, então, leva o construto até um oficial de patente maior que, por sua vez, leva até o rei.

— Deixe-me ouvir o que ele tem a dizer. — ordena.

— Reproduzir áudio! — diz o oficial, de forma que o Acólito entenda o comando de voz, iniciando a reprodução também com a voz de Algar.

Alteza, Kore finalmente recobrou a consciência. Ainda está muito ferido mas está vivo. Estou indo até seu irmão e iremos lhe tirar daí o mais rápido possível. Respeitosamente pedimos um pouco de paciência aos senhores do Império Mundial que tiverem interceptado o Acólito. Queremos propor um acordo pacífico e estamos à caminho.

O rei pensa por alguns instantes, até que chega à uma conclusão.

— O rei Thaldron irá vir até aqui pessoalmente resgatar sua irmã bastarda. Isso pode ser interessante. Deixe que a prisioneira ouça o recado e depois traga-o de volta. Quero enviar um recado à eles.

Horas depois, já atravessando o portal de entrada da cidade, a caravana que leva o rei Thaldron finalmente chega na sede principal do Império Mundial.

Algar está sentado próximo à janela da enorme carruagem em que se encontra, observando a cidade do lado de fora, quando o irmão de Eril se aproxima, sentando-se ao seu lado.

— Você parece apreensivo. — dirigindo-se à Algar. — Eu tenho certeza de que minha irmã está bem. Ela é forte, inteligente e sabe viver muito bem longe do luxo e do conforto. Não serão três ou quatro dias em uma cela que irão acabar com ela.

— Estou de acordo, vossa majestade! Mas tenho um pressentimento ruim quanto a tudo isso.

— São tempos difíceis, meu caro. — colocando a mão sobre o ombro do anão. — Sei bem que qualquer deslize pode ser fatal. Por isso preciso escolher muito bem as palavras. Uma vírgula fora do lugar, uma frase ambígua ou mal compreendida e pode significar a diferença entre a paz e a guerra.

— É realmente muita pressão, mas vossa majestade parece muito calmo.

— Pressão é algo com o que um rei precisa conviver todos os dias, o tempo todo. Se deixar isso me consumir, começarei a tomar decisões errôneas e posso fazer todo o meu povo sofrer. Então eu preciso ser forte. Sei que não sou um guerreiro formidável como foi o meu pai, mas tenho certeza que eu o deixaria orgulhoso da forma como estou regendo Galvas.

— Seu pai era forte no campo de batalha, mas vossa majestade parece ser tão forte quanto, no campo da política.

— Assim espero. — sorrindo de leve, enquanto levanta-se da cadeira, dirigindo-se para uma sala reservada na carruagem. — E, por favor, não me chame de majestade. Os amigos de Eril são meus amigos. Tudo irá ficar bem, pode acreditar.

ALMARA: Ameaça de XibalbaOnde histórias criam vida. Descubra agora