8 | Ciência Mística

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No navio dos piratas Roughknuckles, Voughan desafia um por um dos marinheiros para uma queda de braço, derrotando-os facilmente, enquanto Kore está debruçado na beirada da proa, olhando para o mar, ao lado de Broderick.

— Mas que história. — comenta o monge. — É um bocado de informação de uma só vez. Quer dizer que a Eril é a princesa de Galvas e ao mesmo é filha de um pirata?

— Exatamente. — responde o sorridente Broderick. — Falar sobre isso é um tabu, no reino de Galvas, mas no fundo todos sabem a verdade e ao mesmo tempo ninguém liga. Apesar de tudo, aquela gente é bem acolhedora. Tanto o povo quanto o irmão dela, Thaldron, sempre a tratou com todo o respeito, como se fosse uma filha legítima de Ghaladar.

— Esse rei Ghaladar devia ser realmente incrível. O tal dragão verde saiu impune?

— Ghaladar lutou com uma determinação que apenas quem viu consegue entender. O dragão mensageiro teve seu orgulho ferido, foi uma punição suficiente para um dragão. Apesar de ser apenas um mensageiro, ele possuía um ego gigantesco.

— Ainda sim, gostaria de dar uma boa surra nele.

— Bater em um dragão é uma missão para poucos, garoto. Eles são enormes, inteligentes, vivem quase mil anos e são muito poderosos. Deve haver apenas uma meia dúzia de guerreiros, na história, que lutaram contra eles e sobreviveram pra contar história.

Nisso, Eril se aproxima, puxando o imediato de Broderick, pelo pulso. Voughan enxerga o imediato passando e sorri, lembrando da surra que lhe deu em terra.

— Papai, o que aconteceu com Dreken? Porque ele não consegue falar?

— É uma boa história. — responde, sem perder o sorriso. — O garoto foi capturado pelo Império Mundial. Foi torturado por horas. Queriam que ele contasse onde eu estava. O garoto é duro na queda, mas estava desesperado, esses caras podem ser bem cruéis quando torturam alguém. Então o garoto teve uma ideia, enfiou os dedos na boca e arrancou a própria língua com a mão. Não é genial? Assim não poderia contar, mesmo que quisesse.

Kore e Eril ficam boquiabertos com o que ouviram e também com a indiferença de Broderick ao contar o ocorrido.

— E você diz isso sorrindo? — se exalta o monge.

— Não se irrite, moleque. Eu sei bem o quão corajoso foi esse ato. Ele demonstrou fidelidade e sou grato à isso. Felizmente conseguimos resgatá-lo. Não é apenas a força dele que o tornou meu primeiro imediato.

O clima se torna um pouco deprimente, pela situação de Dreken, mas tensão é quebrada por Broderick.

— Não fiquem assim, isso faz parte da aventura da vida. Há, há, há, há, há. — anima o pirata, dando um grande tapa nas costas de Kore, que parece sentir dor.

— Cuidado! Não esqueça que você me baleou no ombro.

— Qual o problema? Eu levo tiros à todo momento. Já tiramos as balas então vai ficar tudo bem.

A viagem corre tranquila e, após um dia inteiro, a embarcação chega em Tengkorak.

Eril, Kore e Voughan se despedem dos Roughknuckles.

— Até mais, papai. E tente parar com estes saques, as pessoas ficam assustadas.

— Não se preocupe com isso, só levo o necessário e não machucamos ninguém que não mereça.

As sobrancelhas franzidas de Kore demonstram sua indignação com a afirmação do pirata.

— Quanto à você, grandão. — diz Broderick, enquanto aponta para Voughan. — Da próxima vez eu vou ganhar a queda de braço.

ALMARA: Ameaça de XibalbaOnde histórias criam vida. Descubra agora