Capítulo 11

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Notas da autora: Sei que era pra postar ontem, mas não deu. Depois, outro dia vou dizer o porquê.


João expirou profundamente o perfume que exalava da delicada fita de cabelo. Se era um idiota por se sentir assim, ao menos era um idiota feliz. Guardou-a no bolso esquerdo do paletó que acabava de colocar. Se olhou no espelho incrédulo.

— Está até parecendo gente homem – disse a si mesmo.

De barba aparada, cabelo bem penteado, roupas impecavelmente alinhadas. Afinal não era todo dia que um homem se casava ainda mais tendo a certeza de que não poderia ter feito melhor escolha.

Ouviu uma batida na porta do quarto e foi abri-la.

— Olha quem vai se casar – disse Alfredo um de seus amigos da faculdade – o louco!

Ele riu lhe dando um abraço troncudo.

— Não sou louco – descordou.

— Eu sempre soube que do nosso grupo vosmecê seria o primeiro a se casar, mas ainda tão jovem? – ele balançou a cabeça negativamente – O que lhe deu?

João coçou as barbas rindo.

— Temo ter sido acometido pelo mal do século.

O outro riu, com vontade.

— Fala sério mesmo?

— Por que outro motivo eu me casaria?

— Ela é bonita não é?

— Sim.

— Prendada.

— Também.

— Boa família, pelo que vejo.

— Exatamente.

— Bem, ouvi boatos de que sua musa é ceguinha, o que ela tem que o arrebatou a tal modo a de querer se casar?

João estreitou os olhos com o comentário, mas suspirou era compreensível. Como Rafaela havia lhe dito, tinha que se acostumar com comentários desse tipo.

— Tudo – respondeu – Rafaela não é como a maioria das moças e não apenas por ser cega. Ela é calmaria, agitação, é azeda ao mesmo tempo sabe ser doce ela é...

— Poesia meu amigo? Percebeu que é exatamente isto que está fazendo?

Os dois riram.

— Vai entender quando conhecê-la, e – acrescentou mudando de assunto – estou me lembrando de algo... Calixto, onde está aquele bastardo?

— Da última vez que soube estava em Londres, não me pergunte fazendo o que.

— Certamente não foi para melhorar seu inglês – riu.

— Mas indo ao que interessa quero lhe dizer o real motivo por ter vindo aqui.

— Diga.

— Estava em Paris e consegui uma máquina dessas que tiram retratos, já ouviu falar?

— Ouvi dizer que o imperador é o único que a tem no pais – recordou-se.

— Pude conseguir uma – disse animadamente – custou-me os olhos da cara, mas a comprei, então achei que seria uma boa ideia para retratar seu casamento.

— Excelente ideia, Rafaela irá achar interessantíssimo, mesmo que ela não possa ver.

Bateram na porta mais uma vez e a figura esguia de Dona Mercês apareceu, ela olhou um tanto receosa para Alfredo, mas João lhe sorriu fazendo um gesto para que entrasse.

Minha Doce RafaelaOnde histórias criam vida. Descubra agora