Notas da autora: Sei que era pra postar ontem, mas não deu. Depois, outro dia vou dizer o porquê.
João expirou profundamente o perfume que exalava da delicada fita de cabelo. Se era um idiota por se sentir assim, ao menos era um idiota feliz. Guardou-a no bolso esquerdo do paletó que acabava de colocar. Se olhou no espelho incrédulo.
— Está até parecendo gente homem – disse a si mesmo.
De barba aparada, cabelo bem penteado, roupas impecavelmente alinhadas. Afinal não era todo dia que um homem se casava ainda mais tendo a certeza de que não poderia ter feito melhor escolha.
Ouviu uma batida na porta do quarto e foi abri-la.
— Olha quem vai se casar – disse Alfredo um de seus amigos da faculdade – o louco!
Ele riu lhe dando um abraço troncudo.
— Não sou louco – descordou.
— Eu sempre soube que do nosso grupo vosmecê seria o primeiro a se casar, mas ainda tão jovem? – ele balançou a cabeça negativamente – O que lhe deu?
João coçou as barbas rindo.
— Temo ter sido acometido pelo mal do século.
O outro riu, com vontade.
— Fala sério mesmo?
— Por que outro motivo eu me casaria?
— Ela é bonita não é?
— Sim.
— Prendada.
— Também.
— Boa família, pelo que vejo.
— Exatamente.
— Bem, ouvi boatos de que sua musa é ceguinha, o que ela tem que o arrebatou a tal modo a de querer se casar?
João estreitou os olhos com o comentário, mas suspirou era compreensível. Como Rafaela havia lhe dito, tinha que se acostumar com comentários desse tipo.
— Tudo – respondeu – Rafaela não é como a maioria das moças e não apenas por ser cega. Ela é calmaria, agitação, é azeda ao mesmo tempo sabe ser doce ela é...
— Poesia meu amigo? Percebeu que é exatamente isto que está fazendo?
Os dois riram.
— Vai entender quando conhecê-la, e – acrescentou mudando de assunto – estou me lembrando de algo... Calixto, onde está aquele bastardo?
— Da última vez que soube estava em Londres, não me pergunte fazendo o que.
— Certamente não foi para melhorar seu inglês – riu.
— Mas indo ao que interessa quero lhe dizer o real motivo por ter vindo aqui.
— Diga.
— Estava em Paris e consegui uma máquina dessas que tiram retratos, já ouviu falar?
— Ouvi dizer que o imperador é o único que a tem no pais – recordou-se.
— Pude conseguir uma – disse animadamente – custou-me os olhos da cara, mas a comprei, então achei que seria uma boa ideia para retratar seu casamento.
— Excelente ideia, Rafaela irá achar interessantíssimo, mesmo que ela não possa ver.
Bateram na porta mais uma vez e a figura esguia de Dona Mercês apareceu, ela olhou um tanto receosa para Alfredo, mas João lhe sorriu fazendo um gesto para que entrasse.
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Minha Doce Rafaela
Historical FictionJoão Antônio Vaz Coutinho tem um problema. Ele é o tipo de homem que tem sorte nos negócios e azar no amor. E depois de estar apaixonado de maneira frustrada outras duas vezes em sua vida conhece Monica Oliveira, filha de um grande senhor de terras...