Ninguém entendeu muito quando começaram a se ouvir gritos da cozinha. João achou que houvesse entrado um ladrão ou algo do tipo, e qual foi sua surpresa ao encontrar, Inácia agarrada a Mercês as duas aos prantos. Todos da casa foram a cozinha para se deparar com uma verdade impressionante.
Inácia era filha de filha de Mercês.
Rafaela foi abraça-la tão emocionada quanto se fosse ela quem tivesse encontrado a mãe.
— Eu já havia perdido as esperanças – Inácia disse.
— Deus sabe o que faz minha amiga – Rafaela disse com um sorriso enorme no rosto.
O almoço se atrasou, mas ninguém poderia reclamar. Aquela era uma data especial.
— Tudo teria sido mais fácil se soubesse seu nome senhora – Rafaela ouviu seu pai dizer — Há quantos anos não conhecia o Augusto meu Deus!
— Meu pai a trouxe para cá quando eu tinha nove anos – João contou – é realmente espantoso, mais espantoso ainda que a senhora nunca havia me dito que tinha uma filha perdida no mundo.
— Ah sinhô e causa de que ia fala? Já vi muito amigo perder os fio nesse mundão e morre sem encontrar, tem dor que nois não pode dividir por ser grande demais.
— Eu senti – Rafaela disse – não me pergunte como, mas senti que a senhora tinha algo familiar.
— Por que não mudamos de assunto – Monica sugeriu – sei que Inácia e sua mãe terão muito tempo para discutir sobre o quão pequeno é esse mundo.
Rafaela suspirou irritada. Gostaria que ela se calasse e não estragasse a felicidade dos outros. Seu pai havia lhe contado que ela havia discutido com marido só para ir até ali. Como poderia ser tão destrutiva para acabar com a paz dos demais e a sua própria?
— Minha irmã, vosmecê e seu marido já passearam muito?
— Não – João respondeu por ela – mas logo a levarei para dar um passeio a cavalo.
— Cuidado. Cuidado – o pai recomendou.
— Não sou feita de Cristal papai não irei quebrar.
Porém ficou pensativa. Um passeio a cavalo, como?
— Respondendo sua pergunta minha irmã – continuou ela – nós não saímos muito no entanto, gosto dessa muito dessa casa principalmente do jardim que João mandou plantar para mim.
— Fico feliz que tenha gostado – ele disse beijando-lhe a mão.
O caso de Inácia serviu para que esfriassem os ânimos. Não conseguia, ao menos naquele momento, pensar na raiva que tinha do marido quando estava tão feliz por sua amiga ter realizado o sonho de toda uma vida.
Mais tarde Monica insistiu que lhe acompanhassem em um passeio. Não parou de tagarelar sobre como achava a casa rustica, como tudo parecia cheirar esterco de vaca, e de sua incapacidade de manter as botas secas com a umidade da grama.
Afinal, para que ela havia insistido tanto para estar ali?
Não precisava se perguntar, pois sabia o motivo.
Rafaela segurou o rosto de João o trazendo para mais perto do seu.
— Livre-me dela pelo amor de Deus – pediu.
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Minha Doce Rafaela
Historical FictionJoão Antônio Vaz Coutinho tem um problema. Ele é o tipo de homem que tem sorte nos negócios e azar no amor. E depois de estar apaixonado de maneira frustrada outras duas vezes em sua vida conhece Monica Oliveira, filha de um grande senhor de terras...