Diz que é verdade que tem saudade
Que ainda você pensa muito em mim...
Evidencias - Chitãozinho e Xororó
Rafaela não estava acariciando as teclas do piano como costumava fazer. Seus dedos as espancavam com tanta força que fazia uma doce melodia ficar agressiva.
— Ele está com outra — sibilou – Se não estivesse já teria aparecido.
Inácia havia mudado seu peteando, deixado o coque mais frouxo pra lhe dar uma aparência condizente com sua idade, mas com a expressão que ela fazia não tinha muita diferença se o cabelo continuava lambido ou não.
— Vosmecê pode não gostar do que direi, mas direi da mesma forma. Eu acho que ele a ama, – arriscou – porém depois de tudo que disse a ele na noite de núpcias, vosmecê não poderia esperar que ele dissesse que a amava e ficaria tudo bem.
Ela parou de agredir o piano.
— No lugar dele também não diria – concordou ela – mas acha mesmo que ele me amava.
— Eu arrancaria um olho para lhe mostrar como ele a olhava antes. Era nítido o quanto ele a admirava o quanto lhe tinha carinho – foi veemente.
— E como olha agora? – Ela quis saber.
— Como se quisesse estrangula-la – foi Sincera.
Os ombros dela caíram e sua expressão ficou desolada por um instante, porém ela logo a, mudou fazendo uma careta de repudio.
— Não, daqui a pouco me dirá que devo me sentir culpada por ter lhe partido o coração.
— De maneira alguma – discordou – mas não deveriam ter esperado até as últimas consequências para colocar as cartas na mesa. Tudo poderia ter sido diferente se tivesse dito desde o começo que sabia sobre o caso que ele teve com sua irmã.
— Não acho que ele o negaria – disse mordendo a unha do polegar – mas também não acredito que teria tido um desfecho diferente. E agora não adianta pensar no que que já foi se o mal já está feito.
— Isso é o que diz a sua cabeça – colocou as mãos em seus ombros – vosmecê as vezes pensa demais e esquece de usar o coração.
— Está me confundindo Inácia – ela lhe disse com as sobrancelhas quase juntas da maneira como as franzia.
— Não estou confundindo, estou tentando colocar seu coração no lugar, pare de ser calculista ao menos um pouco.
Ela torceu os dedos
— Será que...
— Me largue Benedito eu vou sozinho!
Inácia olhou da porta da sala para ver o senhor Coutinho entrar trocando as pernas enquanto seu garboso ajudante lhe auxiliava na difícil tarefa de se manter de pé.
— Está bêbado – Rafaela adivinhou se levantando com expressão colérica.
A conhecia desde pequena e sabia que ser prudente não estava em sua lista de qualidades
— Não vá até lá, não se sabe o que ele pode fazer – recomendou.
— O que ele pode fazer? – disse com desdém indo até a sala de entrada.
Não sabia porque ainda tentava, se ela nunca a ouvia.
Só bastou que ela entrasse em seu campo de visão para que o homem ficasse louco.
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Minha Doce Rafaela
Ficção HistóricaJoão Antônio Vaz Coutinho tem um problema. Ele é o tipo de homem que tem sorte nos negócios e azar no amor. E depois de estar apaixonado de maneira frustrada outras duas vezes em sua vida conhece Monica Oliveira, filha de um grande senhor de terras...