João tentou imaginar como seria se fosse Monica no lugar de Rafaela. Para começar dificilmente teria se aproximado do curral e se por um acaso o tivesse feito teria ficado enojada com a lambida do bezerro, também não estaria disposta a se ajoelhar.
Rafaela não, parecia uma criança animada com seu bichinho novo.
Na noite anterior chegou a pensar que ela diria que o amava, mas continuava teimosa, e apesar de não estar mais suportando aquela brincadeira, não queria ceder.
— Gostou do passeio – perguntou a ela, quando voltaram.
— Deveras – sorriu.
Ela tropeçou e ele a segurou com mais força para que não caísse.
— Se machucou? – perguntou.
— Não – disse parecendo envergonhada – mas me diga, que planos tem para mais tarde?
Era impressão sua ou sentiu malicia em sua voz?
— A levarei para casa, e irei tomar um trago na taberna do Moisés – disse apenas para provoca-la e funcionou.
— Não gosto que beba – disse brava.
— Um dia posso convida-la para beber comigo – sugeriu.
— Cachaça? – ela riu – provei uma vez e não quero uma segunda. E depois imagine uma cega bêbada isso sim é uma excelente idei...
Ela se interrompeu tropeçando de novo nos degraus da varanda.
— Qual é problema Rafaela, achei que já conhecia os degraus.
— Não é isso – Murmurou.
— E o que é?
Ela não respondeu, de repente ficou mole em seus braços e teve que segura-la para que não caísse.
— Rafaela – a sacudiu, ela não teve reação – Deus do céu.
Os criados virão quando ele subiu com a esposa nos braços para o quarto.
Inácia foi atrás.
— Rafaela – deu tapinhas em seu rosto para que acordasse e olhou para Inácia – Ela estava doente, eu não deveria tê-la levado para fora.
— Não se preocupe, não há de ser nada – ela disse – me de licença para que eu cuide dela.
— Mas...
— Pode ir – ela insistiu.
Ele não teve outro remédio a não ser obedecer.
Inácia olhou desconfiadamente, para a amiga.
— Ele não está mais aqui – falou.
Ela começou a rir baixinho.
— Rafaela isso não se faz, ele estava preocupado de verdade.
— Ele disse que sairia para beber, eu não poderia permitir. Quero falar com ele sobre nosso negócio e preciso aproveitar as oportunidades.
Inácia revirou os olhos.
— Sabe o que o povo está dizendo lá embaixo?
— O que? – perguntou curiosa.
— Que a senhora está gravida.
Sua expressão murchou.
— Eu bem que queria. Mas quando ele me pedir desculpas podemos ter um filhinho ou dois.
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Minha Doce Rafaela
Historical FictionJoão Antônio Vaz Coutinho tem um problema. Ele é o tipo de homem que tem sorte nos negócios e azar no amor. E depois de estar apaixonado de maneira frustrada outras duas vezes em sua vida conhece Monica Oliveira, filha de um grande senhor de terras...