Rafaela não se lembrava ao certo como havia chegado ao quarto do marido só sabia que estava lá e ele estava cuidando dela.
— Isso é dor na consciência – gemeu.
— Vejo que está melhor – ela disse afagando seu rosto.
— Não muito, sinto sede – falou.
— Espere um pouco – ele disse.
Ela ouviu o som da água enchendo o copo que e se lembrou de algo da madrugada.
João conversando com dona Mercês.
— Não acho que seus chás estejam funcionando muito.
— Quem cuidava dos seus catarro era eu menino – ela disse a ele severamente por João estar duvidando de suas capacidades.
— Sabe do que ela precisa?
— Do que menino?
— De cachaça para tirar o catarro da garganta.
Rafaela não estava bem o suficiente para perceber se ele falava serio isso até ele colocar a boca da garrafa em seus lábios e derramar o liquido amargo e... queimava. Como ele gostava de engolir fogo?
Cuspiu tudo para fora, teve um crise de tosse, vomitou e depois disso não se lembrava o que havia acontecido.
— Sua garganta ainda está queimando? – ele perguntou se sentando ao seu lado.
— Um pouco – Colocou a mão na garganta percebendo que havia algo ali.
— O que é isso?
— É banha com sal e azeite. Dona Mercês garante que irá se sentir melhor com isso.
— É nojento – fez uma careta – e não gosto de nada apertando meu pescoço.
Tentou tirar, mas João segurou sua mão.
— Beba a água primeiro, e melhor não teimar com quem entende do assunto. Tentei isso ontem e não funcionou muito bem.
Então não foi um sonho, quase riu. Seu marido tinha cada ideia.
Ele colocou o copo em sua boca. Bebeu vagarosamente dessa vez satisfeita pelo liquido puro e sem gosto, aproveitando da agradável sensação de ter a mão dele em sua nuca erguendo sua cabeça para que não se engasga-se.
Quando terminou ele lhe limpou os cantos da boca com um lenço com todo o cuidado e zelo. Rafaela sentia corpo inteiro doer, mas não evitava de querer que ele a tomasse nos braços.
— Se eu lhe pedisse para me beijar, beijaria? – perguntou.
Ele encostou levemente os lábios nos dela.
— Precisa dormir e comer bem, para que pare de delirar.
— Por que diz que estou delirando?
— Porque ontem vosmecê me beijou, e obviamente correspondi.
Aquilo havia sido antes ou depois dele tê-la feito beber cachaça?
— Correspondeu? – disse tocando roupa para saber se estava inteira.
— O que está pensando criatura?
Sentiu o rosto esquentar.
— Na-nada.
— Bem que estaria precisando – disse – não haveria de querer sair da cama nunca mais.
— Não seja abusado.
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Minha Doce Rafaela
Historical FictionJoão Antônio Vaz Coutinho tem um problema. Ele é o tipo de homem que tem sorte nos negócios e azar no amor. E depois de estar apaixonado de maneira frustrada outras duas vezes em sua vida conhece Monica Oliveira, filha de um grande senhor de terras...