Capítulo 25

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Quando eu andava madrugadas por aí
Levando a noite sobre mim
Brigando pra te esquecer
Quando eu não tinha mais motivos pra sorrir
Nenhum lugar pra onde ir
Você brilhou em meu viver

Agora quem me vê não me conhece mais
Eu mudei tanto eu tenho paz, tenho você
Descobri no seu amor a minha fonte de prazer
Não ando mais vivendo apenas por viver.

Outra vez por amor - Zezé de Camargo e Luciano.


              Naquela casa se seguiram tempos de paz. Rafaela e João começaram uma lua de mel de verdade, saindo para passeios pela propriedade em que muitas vezes quase se esqueciam de voltar. Por dias não se ouviu nem uma discussão sequer entre os dois. Isso até a Rafaela se lembrar do ateliê de costura. Foi quando começou a cobrar do marido a ajuda que ele havia prometido.

— Vosmecê não desistiu mesmo disso? – João perguntou.

— Claro que não, não é apenas um capricho, é o projeto que abracei desde que Inácia me contou dele a primeira vez.

— Então montarão o negócio e venderão tanto para senhoras ricas quanto para as pobres? – ele suspirou – Eu não quero te desanimar, mas essas senhoras ricas talvez, muito provavelmente, com toda a certeza, não vão querer comprar no mesmo lugar que suas "lavadeiras". Esse tipo de gente sempre quer se sentir a cima dos outros.

— João meu amor, está querendo ensinar o vigário a rezar o pai nosso? Posso não entender nada de contas, mas conheço bem as pessoas. Eu sei bem o que faço.

João não duvidava, mas não gostava muito quando ela se trancava no escritório com Inácia, como se fosse um homem de negócios... bem ela era uma mulher de negócios e esse fato era sem duvida inusitado.

Uma mulher de negócios, onde já se viu?

Mas era a sua mulher de negócios e como já havia prometido, não criaria caso, como Benedito que era completamente a favor do negócio da noiva e tinha muito orgulho disso. Não que não se orgulhasse de Rafaela, apenas precisava de tempo e com certeza de muita paciência para se adaptar aquela realidade. As duas fizeram uma verdadeira revolução, Inácia lhe roubou algumas criadas que sabiam costurar para ensina-las a fazer vestidos finos, e se surpreendeu com a rapidez que aprenderam. Mas como elas mesmo disseram o que não faltava era vontade para fazer o trabalho.

Fora isso, tudo estava mais que bem. Rafaela voltou a cantar, não apenas tocar. Passava os fins de tarde cuidando do jardim que finalmente começou a florir e ela lhe disse que a única coisa que faltava ali era amor.

Semanas depois Rafaela recebeu uma carta que reconheceu de longe mesmo sem vê-la, pois o cheiro era inconfundível.

"Minha querida irmã.

Sinto não ter lhe mandado uma carta antes, mas como sabe tenho uma vida social muito agitada e um marido muito amoroso, por pura negligencia acabei me esquecendo. Espero que me perdoe pela indelicadeza.

Gostaria de lhe informa que nunca mais deve se preocupar com a possibilidade de que eu lhe roube o marido, sei bem quantas noites insones deve ter passado por minha culpa. Porém não há mais motivos para que tema. Eu e meu marido estamos muito bem obrigada, e esperamos pela vinda de nosso primeiro herdeiro. Espero receber sua reposta em breve para me dizer que serei tia outra vez.

Afetuosamente Monica."

Inácia terminou de ler.

— Ela não perde uma oportunidade – disse furiosa – a vigarista está gravida.

Minha Doce RafaelaOnde histórias criam vida. Descubra agora