Minha Doce Rafaela

Capítulo 6

Que beijinho doce
Que ele tem
Depois que beijei ele
Nunca mais amei ninguém

Que beijinho doce
Foi ele quem trouxe
De longe pra mim
Abraço apertado
Suspiro dobrado
De amor sem fim...  

Beijinho Doce - Nhô Pai

— Não se fala outra coisa na cidade se não no novo casal de apaixonados – Inácia comentou no dia seguinte.

— Me mantenha informada de tudo – pediu Rafaela comendo uma fatia de bolo de milho.

— As fofoqueiras da esquina, Dona Roberta e Gioconda, sabem de tudo e não sei de quem ouvem – ela riu – disseram que vosmecê tem muita sorte por ter conquistado um dos melhores partidos da cidade.

— Não estou feliz com isso – confessou – não paramos de mentir um para o outro e isso não é correto.

— Mas pensei que vosmecê não se importasse.

Rafaela mordeu os lábios e torceu os dedos nervosamente colocando o pequeno prato com o que sobrou do bolo em cima do criado mudo.

— Preciso lhe contar algo?

— O que? – ela disse se sentando ao seu lado na cama.

— Ontem, perdi a paciência com alguns convidados e o senhor Coutinho me levou para o escritório do meu pai.

— Não percebi – disse – estava ocupada com ajudando a servir os convidados.

— Bom, a questão é que lá ele me beijou.

— Beijou?

— Beijou.

— Como?

— Ora como – falou sem jeito – na boca.

— E o que sentiu?

— Não sei.

— Como não sabe?

— Pensei que iria morrer! Meu coração estava que quase saltava do peito, eu não estava pensando e a barba dele pinicou meu rosto – disse sentindo as faces esquentarem.

— E?

— Deus como está curiosa hoje – apontou.

— Creio que devo saber o máximo para quando for dar o meu primeiro beijo, o que são os romances comparados a uma testemunha presencial – ela disse entusiasmada.

Rafaela riu.

— Como foi – ela insistiu.

— Me pareceu bruto – disse – quase perco os poucos lábios que tenho.

— Doeu?

— Não, mas não sei.

— Então foi ruim – ela parecia decepcionada