PARTE 11

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Enquanto esperávamos a "barca de sushi", — e eu já estava arrependido antes mesmo que o pedido chegasse à mesa — rimos um pouco da vida e ela me contou sobre a faculdade, estágios, o quão linda Londres realmente é e, a dificuldade de falar inglês.

— Sério, o inglês daqui é bem diferente, tem um ar sofisticado e é mais seco, me lembra muito você, sabia? — ela riu e comeu um petisco que estava sobre a mesa, logo voltou a olhar pra mim com toda aquela doçura que ela sempre tinha.

— Quer dizer que eu sou seco e sofisticado?

— Aham, enfatizando o "seco".

— O que? Como assim. Não sou seco. — Franzi a testa e fingi uma expressão de indignação, mas logo a desmanchei sem conseguir conter o riso.

Acho que havia esquecido de como o riso solto que ela tinha era lindo, e o jeito que movimentava as mãos freneticamente enquanto explicava algo. Parece que ela tinha adquirido uma expressividade ainda maior nesse tempo e, toda a movimentação de mãos foi agregada a caras e bocas muito engraçadas durante fala.

Logo o pedido chegou à mesa e, depois de sentir meu estômago revoltar com o cheiro, de forma totalmente involuntária acabei deixando minha expressão falar por si só.

— Nossa, será que você consegue ao menos disfarçar?

— Desculpa, mas não dá. Eu realmente odeio esse tanto de peixe cru envolvido em algas.

— Um homem tão culto, não come sushi. — Ela riu e começou a provar algumas das variedades de sushi.

— Sou adepto a várias culturas, mas a culinária japonesa de fato não me agrada. Mas como prometi, vou lhe fazer um agrado esta noite. Quero ver se ganharei algo em troca depois.

— Já está assim, doutor? Cobrando favores.

Com muito esforço comi alguns sushis e, depois de terminarmos o jantar e comermos uma sobremesa que ao menos era gostosa, paguei a conta depois de muito discutir para que não fosse dividida e, saímos do restaurante.

— Sério, eu preciso fazer isso.

— Fazer o que? Anthony, onde você vai?

— TÁXI!!! — corri até a beira da calçada e comecei a acenar para um carro de táxi que logo parou. Olhei para trás e vi Sarah rindo de mim a ponto de lacrimejar.

— Você é um bobo sabia? — Disse assim que se aproximou e logo selou os lábios nos meus.

— Mademoiselle. — Abri a porta do carro e falei estendendo o braço e, fiz sinal pra que ela entrasse.

— É Londres doutor, não Paris. — ela balançou a cabeça e riu, logo entrou no carro e eu a acompanhei.

Durante o caminho percorremos uma outra parte de Londres que eu ainda não tinha conhecido, pouco afastado do grande centro da cidade. Chegamos a um bairro aparentemente tranquilo, com pouco movimento e quase nenhum barulho ao redor. Aos poucos o ambiente foi sendo tomado por árvores e o silêncio era tão gostoso que inundava a alma trazendo paz.

— É de fato um bairro perfeito para quem busca tranquilidade para estudar.

— A cidade toda é muito agitada, foi difícil encontrar um local tranquilo, mas aqui é tudo muito agradável. — assim que descemos do táxi andamos até a porta da casa dela. Era uma casa meiga, com um pequeno jardim em frente, uma cerquinha de madeira e algumas casinhas para pássaros penduradas.

— Você aceita uma xícara de chá? — Ela largou a bolsa sobre o sofá e, se dirigiu á cozinha que era praticamente junto à sala.

— Ah, um café, por favor. — Sentei-me e, fiquei olhando ao redor por alguns instantes.

Toda a decoração tinha um toque especial de Sarah, desde os livros enfileirados por ordem de tamanho, até as flores espalhadas pela casa e, enfeites coloridos.

— Prontinho. — sentou-se ao meu lado e, colocou a xicara de café na mesinha de centro. — Então.. agora que já estamos aqui tranquilos, Anthony, precisamos conversar. Eu preciso lhe contar algo sério e, preciso que me prometa que vai tentar compreender e estar ao meu lado.

— Você está me assustando, Sarah.

— Prometa!

— Tudo bem, eu prometo.

Café, insônia, mistério e... Londres?Onde histórias criam vida. Descubra agora