PARTE 19

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Depois de ver Alice e Gabriel sumindo no corredor, escorei na parede por alguns instantes e quase consegui esquecer que a figura incômoda de Otávia Lira ainda se punha a minha frente. Quando abri os olhos ela mexia nas unhas e me observava como se nada tivesse ocorrido, com o maior semblante de inocência que pode.

— Você já pode ir pra o seu quarto, por favor. Tenho algumas coisas para fazer, se precisar de alguma coisa ligue. Mantenha a porta do seu quarto trancada para que não hajam surpresas. —levei minhas mãos ao rosto esfregando meus olhos ainda um pouco confuso.

— Eu poderia ficar aqui, não é? Te fazer companhia. — A vi se aproximando e, quando ela ia levar sua mão em meu abdome a segurei.

— Não! Chega de gracinhas. — dei as costas, entrei no quarto e fiquei longos minutos encostado na porta.

Era humanamente impossível que essa loucura toda tivesse tomado essa dimensão. A algumas semanas eu estava em coma e agora estou preso em Londres, com minhas 2 ex namoradas (talvez 3, se chegasse a incluir Sarah nesse quesito) e seus também ex namorados, que por sinal eu odeio.

Tomei uma ducha quente, pra ver se dava uma balançada nos banhos frios que a vida vinha me dando, vesti uma roupa e fui até o terraço do hotel. A decoração trazia a serenidade daquela enorme e incrível cidade, permitindo uma visão linda banhada por uma imensidão cinza do céu de Londres.

Céus cinza sempre foram meus favoritos, não remetiam nem alegria, nem tristeza. Somente a tranquilidade e a paz de se viver em constante realento, com um ar leve e fresco que adentra os pulmões sem sofreguidão.

— Bravinho! Imaginei que em algum momento estaria aqui. — Me virei assim que ouvi a voz de Alice.

— Olá, Encrenca. Posso saber o motivo desta suposição?

— O céu. Sempre foi isso que te atraía em Londres, não foi? — Dei uma risada baixa e voltei a me virar para olhar a vista novamente.

— É... Acho que sim. A cidade toda me encanta mas, isso com certeza é disparado o motivo principal. — Ela se aproximou e escorou-se ao meu lado, porem virada para o lado de dentro.

— Então.. Você e Lira.. — A interrompi.

— Não!! De jeito nenhum. Isso tudo é uma grande loucura, eu explicaria se fosse possível. — Ela sorriu

— Achei que nada fosse impossível para você, bravinho. — Assim que ela terminou de falar, senti meu celular vibrar no bolso e, ao ler a mensagem apenas sai correndo sem conseguir dizer nada.

— Onde você vai?

— Te vejo por ai, em um outro momento. — Parei rapidamente na porta do terraço e, assim que terminei de falar, dei as costas as pressas.

Café, insônia, mistério e... Londres?Onde histórias criam vida. Descubra agora