PARTE 16

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Acabei dormindo no chão, como deveria ter feito desde o princípio. Conhecendo Otávia Lira, tomar a decisão de ir para a cama achando que ela talvez fosse se comportar foi pura tolice. Acordei com o sol que passava pela fresta da cortina, vindo diretamente no meu olho e, depois de resmungar um pouco levantei sem fazer barulho, me vesti rapidamente e abri a porta do quarto.
 No exato momento em que sai pela porta acabei esbarrando em uma mala e indo para o chão junto com quem a carregava.

— Nossa, eu sou muito atrapalhado me desc.. — Parei de falar instantaneamente assim que bati o olho nela e, logo vi Lira saindo na porta ainda de pijama.

— Você é muito lerdo, Anthony. 154 anos depois e quando te encontro você continua sendo lerdo. — Ela levantou e juntou a mala do chão, logo deu uma olhada para Lira esboçando todo o nojo que eu sei que ela sentia. — Olá, Otávia. Que surpresa ver vocês dois juntos.

— E você é? — Lira disse se aproximando de mim e assim que levantei ela segurou em meu braço como se fossemos um casal. Revirei os olhos e me soltei logo em seguida.

Lira sempre soube quem era Alice mas, por algum motivo ainda desconhecido, a vida inteira ela fingiu não saber. Parece que de alguma forma isso a fazia se sentir um pouco maior ou, mais importante na minha vida do que ela.
Alias, antes que se perguntem ou que me perguntem, em breve, irão saber quem é Alice também e, poderão escolher se assim como Lira irão ignora-la ou, adora-la.

— Não sou ninguém, querida. Prazer em vê-lo, Anthony.— Alice deu uma daquelas risadinhas irônicas, olhou para Lira e, logo para mim. Alguns instantes depois uma figura familiar saiu do elevador, veio na direção de Alice e nos observou um pouco confuso.

— Esta tudo bem aqui? Aconteceu algo Alice? — Alice ficou totalmente sem jeito assim que ele se aproximou e senti que ela já não conseguia mais olhar para mim.

— Gabriel? — Questionei depois de o observar por um momento e, de ouvir sua voz acabei finalmente o reconhecendo.

Náuseas, foi o que senti. Somente náuseas e uma vontade imensa de não estar ali naquele momento. Era o lugar errado no momento errado, literalmente.
Ou isso era um sonho, ou uma cena real de um daqueles filmes de terror que somente coisas improváveis acontecem com as pessoas. Parecia ser qualquer coisa, menos realidade.

— Sim, e você é quem? — O ouvi dizer antes que Alice segurasse no braço dele o puxando como quem sugeria que eles saíssem logo dali e dessa vez fui eu quem deu aquele riso irônico.

— Eu? Não sou ninguém, querido. — Sorri e olhei para ela com total repúdio e, logo a vi seguir o caminho pelo corredor o puxando para que lhe acompanhasse. 

Café, insônia, mistério e... Londres?Onde histórias criam vida. Descubra agora