PARTE 15

100 12 2
                                    

Levantei ainda com um pouco de dificuldade e, com a ajuda de Lira andei até a cama. Ela sentou na mesma, se escorou na cabeceira e ficou toda encolhida abraçando os próprios joelhos.

— Então era tudo verdade. — falei e logo em seguida levei minha mão até meu maxilar que ainda doía.

— O que era verdade?

— Ele agredia você, quando namoraram. — Silêncio. Um silêncio ensurdecedor gritava dentro do ambiente e ela apenas baixou a cabeça. — Eu queria ter estado perto, pra poder te ajudar.

— Ajudou agora, isso já basta. Agora por favor, vamos esquecer isso.

— Esquecer? É claro que não. Você não pode ficar calada em uma situação dessas.

— Anthony, é melhor para nós dois que isso seja esquecido. O Victor não vai deixar você em paz depois disso.

— Eu não quero paz, Lira, quero que ele pague pelo que fez com você. Isso é crime, olha como você tá. — Me aproximei um pouco dela e, levei minha mão até o seu rosto. — Acho melhor você dormir no meu quarto hoje, não é seguro que fique sozinha, ok?

Ela apenas concordou sem dizer uma palavra se quer e, me abraçou de uma forma tão desesperada, como se encontrasse paz estando entre meus braços.

Quando fomos para o meu quarto, liguei para a portaria e os alertei sobre Victor, depois arrumei um ninho feito de cobertores no chão, ao lado da cama e, fomos deitar.

— Tem certeza que não quer ficar na cama? Eu posso dormir no chão.

— Claro que não, eu não quero eu você durma no chão.

— Então dorme aqui comigo.

— O que?

— Dorme aqui comigo, por favor. Estou com medo, Anthony. — a observei calado por longos instantes e, mesmo que eu compreendesse o medo sabia que não seria uma boa ideia. — Por favor, vai!

— Okay, mas por favor, não se movimente muito, nem chegue perto demais de mim, eu não gosto..

— De dormir com ninguém, eu já sei mocinho.

— Esta bem, chegue mais pra lá. — Levantei do chão e, subi na cama deitando o mais longe possível dela.

— Você dorme sempre assim?

— Assim como?

— Sem blusa. — Estava escuro, mas eu podia ver na penumbra seu sorriso com malícia.

— Sim, usar roupas para dormir me incomoda.

Eu ouvi o riso dela e, logo a senti se movimentar estranhamente na cama.

— O que você está fazendo?

— Seguindo seu exemplo. — Ela se aproximou e, de repente o calor do seu corpo começou a irradiar para o meu de uma forma tão louca, que mal posso explicar. Quando ela tocou a mão no meu abdome, senti meu corpo inteiro tremer e, me afastei de uma forma tão brusca que acabei tombando da cama.

Café, insônia, mistério e... Londres?Onde histórias criam vida. Descubra agora