Depois de muito procurar encontrei um e-mail que me levou um IP, foi o suficiente para rastrear uma localização exata ali mesmo em Londres e, por mais assustador que seja, parecia muito próximo do nosso hotel.
- Alice, olha só! Você sabe onde fica isso? - Apontei a localização no mapa
- Parece o local onde tem um prédio na rua dos fundos do hotel mas, acho que tem muitos anos que está abandonado. Duvido que isso esteja certo. - A olhei por alguns segundos e balancei a cabeça negativamente
- Você leva fé em mim né? Agradeço muito a confiança. Enfim, já que você duvida tanto, eu vou conferir sozinho.
- Ih, já ficou nervoso, eu ein. Você quem sabe, só estou aqui te ajudando porque você pediu. - Depois da típica revirada nos olhos, levantou me dando as costas e bateu a porta assim que saiu do quarto.
Okay, talvez não precisasse de tudo isso, mas sempre me irritou a forma com que ela lidava com as coisas quando se tratava de mim. Era como se nunca, nesses anos todos nada do que eu fizesse fosse bom o suficiente.
Podemos fazer uma contagem de quantas vezes os atos das minhas ex já me afetaram durante essa curta viagem? Parece mais um pesadelo onde minha própria mente me castiga com todas as coisas que já vivi.
Enfim, voltando ao foco. Depois de enviar a localização encontrada para o meu celular, troquei de roupa e ainda durante a madrugada sai do hotel para ir até o tal prédio. Afinal, pior do que as coisas já estavam, não podiam ficar não é mesmo? É, talvez pensar isso tenha sido meu pior erro.
- Deve ser ali, pelo menos é o que o GPS diz. Parece mesmo abandonado, acho melhor eu voltar amanh.... - Antes que eu pudesse ter qualquer reação, senti alguém envolvendo o braço no meu pescoço por trás e, com um mata leão apaguei em poucos segundos.
Acordei em um lugar que ao que tudo indicava, era dentro do próprio prédio, o sol forte adentrava nas janelas com poucos vidros intactos e pude ver a parte de trás do hotel. Quando tentei me mover, me vi sentado em uma cadeira com as mão amarradas. Tá, agora tá ficando meio bizarro. Não sei mais se isso é um livro de fato ou, um daqueles filmes de serial killer que a gente vê na Netflix.
- Ao menos não colocou uma silver tape na minha boca, isso já seria o cúmulo. - Tentei olhar em volta mas não vi ninguém.
- Anthony, tá tudo bem? - Sim, aquela voz.
- Lira? - Ela apareceu descendo uma escada e, sentou em uma cadeira à minha frente. - Não acredito que a encrenca (Alice) tinha razão.
- É, parece que sim. Devia tê-la escutado.
Opa, Otávia Lira dando razão para Alice Chase? Algo errado não está certo!
- Lira me solta! Isso é ridículo. Você.. O que é isso no seu rosto? - ela rapidamente se levantou e andou até uma janela próxima, ficando de costas para mim. - O que é que está acontecendo aqui?
- Me desculpa, você não deveria ter se metido nisso. Eu não tive escolha.
- Não teve escolha? Quer mesmo que eu acredite que você teve algo a ver com isso? - Ela virou novamente para mim e, dessa vez pude perceber as marcas em seu rosto, acompanhadas de uma expressão de desespero que eu jamais vira na vida.
Segundos depois ouvi barulhos vindos do andar de baixo, como se mais alguém estivesse entrando no prédio.
- Fica em silêncio por favor, não fala nada Anthony.
Victor logo apareceu com um sorriso no rosto e as mão cheias de sacolas, se aproximou de Lira e deu-lhe um daqueles beijos nojentos cheios de eroticismo, precisei virar o rosto devido repúdio.
- Viu só meu amor, quantos agrados eu trouxe para você. Roupas novas e maquiagem para esconder isso tudo, deixar seu rostinho lindo outra vez. - logo em seguida ele me olhou e, largou as sacolas no chão. - Mas vejamos só, o engomadinho acordou.
Apertei os punhos com tanta força que pude sentir minhas unhas perfurando minha própria pele fazendo-me sangrar.
- Quando é que essa palhaçada sua vai acabar? - O vi vir em minha direção e armar o punho. Quando pensei em fechar os olhos para receber o murro, Lira se aproximou e, abraçou-o por trás acariciando lhe o abdome.
- Amor, eu queria poder esperar mas, estou com um pouco de pressa. Que tal a gente experimentar aquelas roupas lindas que você comprou pra mim? - o sorrisinho irônico de costume se transformou em um riso fake com olhos que emanavam tristeza e medo.
- Tá bom vai, mas logo você vai ter o que merece! - Olhou pra mim e apontou o dedo tão próximo do meu rosto que pude ver as linhas de suas digitais (e olha que eu sou meio cego).
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Café, insônia, mistério e... Londres?
RomanceA todos aqueles que viveram intensamente as emoções de "Café, insônia, mistério e... anatomia?", a tão esperada e instigante continuação da trama vai surpreender a todos.