PARTE 5

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Os minutos de silêncio mais longos que eu já vivi até então foram os que precederam a apresentação da Otávia, que por sinal era a única pessoa a se sentir a vontade no ambiente.

Depois de algum tempo ela finalmente se deu conta de que estava sendo inconveniente e saiu, me deixando a sós com Sarah.

— Você nunca me falou sobre ela. — disse largando a bolsa sobre minha cama e sentando na mesma. — Aliás, você nunca fala muita coisa sobre a sua vida.

— Não tinha muito o que falar, e eu obviamente não esperava encontra-la por aqui, ou em qualquer outro lugar do universo. Mas esquece isso, por favor. Senti sua falta e sei que você também sentiu a minha.

Aos poucos fui vendo o semblante de desconforto dela se desfazendo e dando espaço à aquela carinha meiga de sempre. Me aproximei como quem não queria nada e sentei na cama esperando que o clima pesado acabasse.

— Como você esta? O que exatamente aconteceu? O médico disse que você não acordaria.

— Estou bem, não sei exatamente explicar o que aconteceu, mas aconteceu e eu quero deixar esses meses todos para trás. Vim atrás de você buscando um recomeço, para aproveitar tudo que nós eventualmente perdemos. — senti ela chegar mais perto de mim e tocar meu rosto permanecendo em silêncio por um momento.

— Estou feliz em lhe ver, por mais que isso tudo seja muito confuso, quero aos poucos acostumar com sua presença novamente e, sei que terá paciência comigo.

— Claro, claro que sim. Foi um grande susto para todo mundo, e eu realmente compreendo, me basta estar aqui e saber que estará comigo.

Conversamos por algumas horas e, sem percebermos a noite chegou rapidamente.

— Meu amor, eu preciso ir agora. Tenho aula amanhã e alguns trabalhos para finalizar. Estarei bem atrapalhada durante essa semana, mas podemos marcar algo nas horas vagas.

— Tudo bem, por que não dorme aqui hoje? — me aproximei um pouco mais dela deixando nossos lábios bem próximos.

Instantaneamente tudo se calou e, pude ouvir o famoso "turu turu" estampindo dentro do peito de Sarah, que olhava pra mim da forma mais profunda possível.

A beijei com a maior intensidade e voracidade que pude, ansiando jamais ter de parar e, desejando poder ir além.

— Espera! — Sarah me empurrou e levantou rapidamente.

— O que foi? Fiz algo de errado? — levantei da cama e me aproximei dela segurando sua mão. — Me desculpa, não quis forçar nada.

— Não, tudo bem. Eu só.. preciso mesmo ir. Amanhã a gente marca algo esta bem? — Se aproximou e beijou meu rosto.

A acompanhei até o hall do hotel e esperei que entrasse no taxi e partisse.


Café, insônia, mistério e... Londres?Onde histórias criam vida. Descubra agora