Depois que os dois foram para trás de algo que mais parecia uma lona pendurada o teto até o chão, permaneci os próximos 40 minutos buscando um jeito de me soltar mas, falhei toda vez que tentava.
Quando aceitei a situação e desisti exausto, acabei pegando no sono e acordei com o barulho de salto batendo no chão de cimento. Ambos estavam muito bem arrumados e aparentemente já era noite outra vez.
— Aprecie a vista engomadinho, mi casa es su casa.
Lira nem por um segundou olhou para mim, saíram em seguida e observei na esperança de que pudesse vê-la olhar para trás mas, não.
Eu sei o que estão pensando, porém internamente é difícil aceitar que, alguém que, durante quase uma vida, foi sua vida, como se já viesse de outras vidas (se ler novamente sei que vai entender), se tornou tão fria a ponto de ser conivente com tais atos.
Em meio aos meus devaneios escutei um barulho estranho que mais parecia um ronco e, só acreditei de fato quando finalmente pude ouvir pela segunda vez, só que mais alto, na verdade muito mais alto.
— Ei, tem alguém ai? — Pude ver uma movimentação em um canto do saguão. — Quem está ai?
Quando finalmente a vi levantar, um sentimento de alívio se misturou a uma enorme vontade de rir que me fazia gargalhar quase que ininterruptamente.
— O que é que você esta fazendo aqui? — Disse assim que consegui me recompor, ainda em meio ao riso.
— Ha Ha Ha, muito engraçadinho você. Eu te segui ontem a noite e consegui entrar escondida. Achei que aqueles dois iam sair logo mas não saíram, acabei por pegar no sono. — Disse Alice enquanto arrumava o cabelo todo emaranhado com um bocado de poeira.
— E vai ficar se embelezando ou vais me tirar daqui? — Ergui as sobrancelhas e me detive a encara-la.
— Nossa, a poucos minutos estava com tempo para rir e agora tem pressa. — Andou até mim e deu uma pequena olhada nas minhas mãos que estavam presas no encosto da cadeira. — Como vou cortar isso? São lacres plásticos, só vão se romper com uma tesoura ou uma faca sei la.
— Tenta ver atrás daquela lona, deve ter alguma coisa.
Alice andou até lá e, ao entrar se manteve em um silencio que mesmo não durando muito tempo, acabou por me assustar.
— Alice? Esta tudo bem ai?
— Estou vendo a coisa mais linda que eu já vi na minha vida.
— O que tem ai Alice? — Permaneceu em silêncio deixando um tom de suspense no ar — Alice!
— Algo incrivelmente estonteante. — Revirei os olhos
— Alice eu estou preso e você está mesmo se olhando no espelho?
— Ai me deixa, estraga o prazer dos outros. Tá bom coisa chata. Enfim não tem nada aqui.. Espera...
— O que foi? Ah por favor não me diga que tem outro espelho.
— Anthony tem fotos da Otávia aqui também — Ela logo saiu de trás da lona trazendo várias fotos reveladas da Otávia em condições absurdamente grotescas as quais nem consigo descrever.
Mais pareciam cenas de 50 tons de cinza, só que mais para 50 tons de roxos deixados na pele. Inúmeras fotos bizarras em situações extremas de tortura e abuso.
— Ele não pode sair impune disso — Virei o rosto não mais conseguindo olhar tudo aquilo.
— Também tem umas fotos da Sarah, aparentemente em um banheiro de uma boate, não sei. Estava desacordada. E as de vocês dois no seu quarto. Está tudo ali.
— Achou algo para me soltar?
— Sim, um canivete. — Ela andou rapidamente até a parte de trás da cadeira se ajoelhando. — Não consigo, é muito duro pra cortar. — Fiz silêncio quando ouvi barulho nos portões — Alice se esconde eles voltaram.
Segurei o canivete namão e escondi o colocando para dentro da manga.
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Café, insônia, mistério e... Londres?
RomanceA todos aqueles que viveram intensamente as emoções de "Café, insônia, mistério e... anatomia?", a tão esperada e instigante continuação da trama vai surpreender a todos.