Cap.12

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SEM A ANA AQUI, ME SINTO um peixe fora do aquário. Ela me ajuda em tudo. É minha amiga. Confidente. Leal. Mardele foi muito cruel com ela. Tá! Ela fez um comentário desnecessário para Mardele e necessário para nós duas, mas não precisava de tanta arrogância ao ponto de mandar embora, uma funcionária dependente e uma melhor amiga para os melhores papos.
Não aceito essa demissão e tomo coragem para falar sobre isso com Mardele, indo na direção de sua sala. Estou nervosa? Claro que sim. Mas reivindicar a sua decisão esta em questão agora.
Duas batidas na porta e escuto Mardele ordenar minha entrada.

- Sra.Mardele!

- O que quer, Sulla? Não me lembro de ter há chamado. - Minha presença é totalmente ignorada pela tela do computador.

- Não vou tomar muito o seu tempo, Mardele. - Ouso à chama-lá pelo primeiro nome. Era necessário para que ela venha presta atenção em mim. Virando e me encarando como se quisesse saber o motivo da minha ousadia. - Acho que foi desnecessário a demissão de Ana.

- Você acha? - Sua pergunta me pega desprevenida.

- Na verdade. Tenho certeza. Ela não queria falar daquela forma.

- Mas falou! - Seu tom foi seguro.

- Foi um comentário desagradável? Foi. Mas não precisava demiti-lá. Era uma ótima funcionária. Seu currículo era o melhor e bem requisitada para o cargo.

- O currículo não mostra o verdadeiro carater de uma pessoa. Uma coisa você tem razão. O currículo de Ana era um dos melhores. Então vai ser fácil conseguir outro emprego.

- Você não esta entendendo...

- Eu entendi perfeitamente, Sulla! Não vai adiantar defender sua amiguinha. Minha decisão já foi tomada. Agora saia da minha sala.

- Vou sair não.

Ela me olha surpresa.

- O que disse?

- É isso aí que você ouviu, Mardele. Não vou sair. Já engolir sapo de mais nessa empresa. Já obedeci de mais aos seus caprichos. Agora vai me ouvir.

Mardele se levanta irritada com a minha postura. Não esperava essa reação minha.

- Sulla! Você esta sendo grossa...

- Cala a boca! Vai ouvir tudo o que tenho pra falar.

Ela abre a boca surpresa, mas fica calada.

- Eu entrei nessa empresa com o intuito de crescer profissionalmente. Fazer o meu trabalho e contribuir para o crescimento da empresa e, eu acho que conseguir fazer isso. Esperava um chefe menos egoísta, menos arrogante, mesquinha, falsa, orgulhosa e contraditória. Mas foi muito mais que isso. Você é uma pessoa rancorosa de coração, mal amada, invejosa, odiada por todos nós. Fria, não tem sentimentos e passa por cima de qualquer um. Ouso dizer que é mal comida também.

- Chega, Sulla! - Ela grita e eu ignoro totalmente continuando meu desabafo.

- Você me humilha todos os dias, achando que seu corpo é o padrão certo para a sociedade. Eu sou gorda e não acho que isso seja um defeito. Até porque se fosse, o marido da embaixadora não tinha traido ela comigo. - Ela arregala os olhos e senta para diregir toda a informação. - O Pedro? Pos é. Sou tão gostosa que ele a traiu. E não se preocupe que ela já sabe de tudo isso e, casou com ele assim mesmo. Ela percebeu que o corpo não define a escolha de um homem. Eles traem pelo seu jeito de ser, não por ter um corpo sarado e bem cuidado. E eu espero que daqui em diante, você não me humilhe e mais ninguém que não seja do seu padrão de beleza. Porque eu me amo do jeito que sou. Não sou obrigada a usar 38!

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