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-- Te aluí Chagas! Te aluí Chagas!
-- Deus o livre e arrede! Deus o livre e arrede! -- Com ou sem noção de horário, seu Chagas continuava a conjurar o bordão.
-- Pode parar com isso Chagas, pode parar que ainda num tamo na zora desgramenta -- Berrou mais uma vez a mulher dando mais um cagarço no marido.
-- Deus o livre e arrede muié!
-- Hum! Tu tá e de nove hora com a minha cara, isso sim . --Emendou dona Alzira.
         Mas era só pronunciar as duas palavras indesejadas que sem escolher hora qhe o bordão era conjurado lá pras banda da Toró por gente de senso tão comum assim como o seu Chagas.
Típico peculiar nordestino "Cagarço" que significa repreender de forma rude ou vulgar.
-- Mas num foi tu mermo muíe que começou com esse aperrei?
-- Aperrei Chagas! Aperrei..!
-- Sim...?
-- Aperriando era tu que tava as outra familia, bulindo nos fí a lei.
Típico peculiar nordestino esse artigo feminino seguido desse substantivo feminino "A lei" que na prática se dá a entender que algo é de alguém por lei no entanto significa um substantivo masculino " Alheio" ou seja que pertence a outra pessoa.
-- Eu... ? -- Dissimulou seu Chagas com ares desentendido.
-- Olha aqui Chagas, tu trata de ter vergonha nessa tua cara lambida.
-- Eu... ?
Despaciênte dona Alzira seguiu em direção ao marido ao mesmo tempo que se rebulia toda quase desordenando por completo o filho que consequentemente cessará o grunhido e arregalou os olhos que pareciam balançar em sincronia com seus menbrinhos molinhos devido os solavancos do estabanado ato.
-- Tu para de ficar só dizendo eu, Chagas... Tu para... -- Disse dona Alzira que derá a impressão de querer isganar o marido assim que se aproxima dele mas que espantado não reagiu e ficou apenas a lhe observar outra vez reordenar o menino.-- Bichovéi sonso.
-- Eu... ?
-- Chagas! Tu não me tenta, tu não me tenta. -- Dona Alzira ainda se rebulindo toda ameaçava pular em cima do marido.
-- Assim tu vai descatitar nosso fí todim Alzira.
-- Hum! Descatitado era tu que ia ficando.
-- Eu... ?
-- Olha aqui Chagas! Olha aqui...
         Foi outra vez berrando na fuça do marido e com uma vontade danada de o descatirar  que dona Alzira o fez simultaneamente recuar igual a um inseto repelido e em seguida gaguejar algo e depois de uma breve pausa engolindo a seco justificou :
-- Mas eu só queria dá uma espiada nas coisinha dos outros menino pru mode comparar com a do nosso.
-- Tu te apruma Chagas, tu te apruma...
-- Mas num é justo Alzira?
-- Justo ia sendo o murro que tu ia tomando do pai do menino na croa desse teu coco desjuizado , e olha aqui Chagas, tu trata de agradecer o meu samtim porque foi ele que me mostrou a sombra quase travessando a rodogem me avisando da zora desgramenta.
-- -- Hum! Gosto nem de alembrar...
-- Deus o livre e arrede muéi!
-- Só no ôi da piaba! Ir bulir com as coisa dos fí a lei.
-- Mas eu...
-- Num tem mas eu não Chagas, agora nós tem é que entrar, que aqui fora é que nós num pode ficar com esse inocente.
-- Pois tá bão meu feijãozim verdim.
-- Bichovéi babão mixiriquento, Num nega ser fí da dona Nenem.
-- -- Gosto nem de dizer o nome dela.
-- Entonsse num diga...
-- Cuidado não bichim, cuidado não...
-- Mas do que tu tá dizendo agora?
-- Do que eu tô dizendo! Do que eu tô dizendo!
-- Sim...?

O Santo CaipiraOnde histórias criam vida. Descubra agora