O S C PAG 24

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-- Mas não foi a senhora que antes me chamou de cabra bom de peia ?

-- Foi , mas porquê eu tava com raiva do senhor , .

-- Mas agora não está mais...?

-- Num sei seu Naval, num sei ...

-- Esta bem ! esta bem !

Trocavam as bajulações, os descontraídos insultos ainda mais as justificações acompanhados e seguidos de gaitadas ao mesmo tempo que seu Chagas e dona Toinha do finado Manel observavam impressionados e o menino com expressão de encabulado .

-- Onde já se viu um homizão formoso desse jeito não se dar o respeito .

-- Mas agora que a senhora me deu uns esbrega eu vou me dar aos respeitos e quem sabe ainda mais aos deleites dessa sua obra prima ... -- Olhou fixamente para o pote .

-- Eita coisa danada !

-- Eita dona Nenen !

-- Eu num sei muito dessas tal de obra lá das quanta que o senhor disse não seu Naval , mas espero que seja coisa boa .

-- Certamente minha jóia! -- Exclamou a bajulação. -- O que disse foi uma graça para com sua divina banha . -- Demonstrou saudoso ao mesmo tempo que seu olhar ainda esgalamia a então divina banha . -- E vamo deixar de enredança e dar logo essa divina obra pro seu amigo velho aqui e seu defensor .

-- Pois então Disdiga pra queles babaço tudo que tão lá fora o que o senhor disse mais cedo .

-- E o que foi que eu disse ?

-- Já esqueceu foi seu cabra bom de peia ?

-- Olha a fuleraje ...! -- Descontraiu o herege.

-- E num chame esse nome fulerage não que isso é coisa de bagaço.

-- Chamo não minha joia , chamo não !

-- E disdiga aquele dizer vei pra queles bagaço . -- insistiu a velha .

-- Mas desdizer o que minha joia ?

-- Disdiga lá pra eles que o senhor disse que eu sou agourenta .

-- Deus o livre e arrede mãe !

-- Iga !

-- Bestaje minha joia ! Quem diz isso é aquele povo , e lhe digo mais , eles têm é inveja da senhora .

-- Isso eu também acho ! Oxi ! -- Ressentiu-se a velha com um gesto , com uma exclamação e com uma interjeição .

-- Esta vendo , a senhora tá começando a perceber que eu tava mais pra lhe defender do que pra lhe escumhanbar .

-- Taí seu Naval , pois eu tô começando a achar que foi isso mesmo !

-- Certo que foi minha joia , eu só tava botando os pingos nos i e ao mesmo tempo dando uma saia justa nesse povo .

Depois de dissimular a mais aquilo esgueirou-se por sobre sua mesa em direção da velha com a mão esquerda a fazer acústica e ao mesmo tempo que olhava e sugava o aroma da banha e murmurou:

-- A culpa desse padre que não sabe mostrar a essa gente o que é certo e o que é errado , esse padre não vale nada .

-- T'esconjuro seu Naval! -- Disse seu chagas parecendo não acreditar.

-- Iga ! -- Deixou escapar dona toinha do falecido Maneu .

E como naquela ocasião dona Nenem parecia cada vez mais indo se deixando corromper então seu cometimento fora assim mais que imediatamente demonstrado com mais uma gaitada;

-- Ca , ca ca !

-- Até a mãe tá dando em zombar...? -- levou as mãos ao rosto e balançou a cabeça demonstrando sua indignação.

-- Não seu Chagas... Não ralhe com sua mãe não, que esse padre não é lá essas coisa toda não.

-- T'esconjuro seu Naval!

-- Seu Naval tome vergonha na cara. -- Fora descontraidamente que aquelas palavras pareceram sair aos trotes pela boca da velha ao mesmo tempo que suas maos na mesma pareciam querer empurra-las de volta para o seu ventre.

Dona toinha do falecido Manel somente observava pasma enquanto o filho ainda somente manifestava aquele olhar desconfiado.

-- A minha vergonha vai até onde chega o descaramento desse padre dona Nenem .

-- Cá , cá , cá , cá ! -- Gaitou a velha !

-- Ca , ca , ca , ca ! -- Gaitou o notório.

Dessa vez fora ainda mais açulados que juntos vociferam a mais aquela sequência de gaitadas que somente aquele olhar de seu Chagas poder dizer o tamanho de sua perplexidade, já dona toinha do falecido Manel , dessa vez se deixou assentir com um modesto discreto trepidar labial que lhe empatou o sorriso .

-- E agora dê pra ca esse pote e traga esse menino pra gente registrar .

-- Eu ainda num sei se o senhor tá merecendo não...

-- Oxi , dê isso pra cá e deixe de bestaje .

-- Ca , ca , ca ,ca ! -- Por fim gaitaram juntos .

E quando menos se viu o notório herege já se encontrava com o pote nas mãos o beijando e o cheirando com aquele seu sorriso sínico e aquele seu olhar sutilmente hipócrita e a velha com uma expressão de satisfação na cara de quem tinha a certeza de que não era bagaço .

O Santo CaipiraOnde histórias criam vida. Descubra agora