O S C PAG 23

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Foi justamente ao notar o olhar de fissura do notório esculhambado ao pote que estava em suas mãos , e ao segundo sorriso sínico e redimidor do notório herege , que dona Nenen passou a atiçar ainda mais a fissura daqueles olhos , abrindo o pote e deixando que o aroma de sua inigualável banha se espalhasse por aquela sala e usando o pretexto de que o filho a cheirasse para ganhar de aprovação e ainda mais de submissão daqueles olhos que não resistiram e desceram para a boca do notório herege que adjudicou ao aroma e sucumbiu as bajulações ;

-- Dona Nenen em primeiro eu gostaria de mim desculpar com a senhora , não era minha intenção ofende-la daquele jeito .

-- Mas ofendeu seu Naval , e o senhor sabe que eu num gosto de ser tratada igual a um bagaço .

-- Pois num é seu naval , esculhambar a mãe daquele jeito ? -- Queixou-se seu Chagas .

-- Pois foi e não foi seu Chagas , pois eu já me desculpei , e tem mais , é esse pessoal que não enxerga a joia que nos temos nessa cidade que é a sua mãe . não é dona Toinha ?

Percebeu-se que naquele momento o filho e mãe se encheram de pernas ainda que com pulgas atrás das orelhas , pois se mentira tinha as pernas curtas aquele espirito que não tinha nada de santo e que também era o pai daquela mentira foi contornando a situação com o corpo de banda . Já dona Toinha do falecido Manel que pouco falava assentiu apenas com uma expressão nos lábios .

-- E digo mais dona Nenen , deixe de bestage que eu tava era tentando defender a senhora .

-- Defendendo daquele jeito seu Naval ? Me chamando de bagaço de adivinhão preto ?

-- Deus o livre e arrede minha mãe ! -- Continuou a conjurar seu Chagas mesmo sabendo que já passava das treze horas .

-- Pois foi dona Nenen , porquê eu tava era jogando verde pra colher maduro . -- Era as caras lambidas que o pai da mentira seguia com as mesmas .

-- Mas o senhor disse que a dona Nenen era o maior agouro que tinha aqui por essas bandas . -- Disse dona Toinha do falecido Manel quebrando aquele Jejum da palavra .

-- Deus o livre e arrede Toinha minha cunhada !

-- Dito pelo não dito dona Toinha , agora ficou não dito , por que eu já me desculpei com essa joia de senhora , e eu sei que seu coração é bom o bastante para perdoar esse enfadado homem velho aqui que só estava arreliado por causa daquela mulher doida que queria comer o nossa senhor .

-- Deus o livre é arrede seu naval !

-- Iga !

-- Oh coisa bonita seu Naval ?! -- Ralhou dona Nenen .

-- Pois se a senhora quiser não chamo mais esse bicho por esse nome , vou arrumar outro nome pra ele .

-- Pois faça isso , porquê acanalhar as coisa santa assim é que não pode . -- Sugeriu dona Nenen em tom autoritário e a expressar um ainda cambiante desprezo ao pai da mentira .

Como estava bem claro que naquele momento o olhar do notório herege seria um puro amalgama de fissura pela banha da dona Nenen e de sutil hipocrisia , foi então que de repente em esse aqui que vós narra lhe veio clarão a mente, o fazendo lembrar de que seu Naval era o herege oficial daquela cidade por direito e justa posição , então o certo seria acrescentar que em sua mente depois de uma pausa também lhe viria um clarão o lembrando de que era ele quem dedicava uma parte do seu tempo para tratar com mera depreciação as coisas religiosas e para exercer de suma alheidão pelas tradições da pequena Toró ou ainda mais para enojar aquele povo , o que lhe seria útil para tentar seguir dissimulando :

-- Pois é justo dona Nenen , porquê bicho tem que levar nome de bicho .

-- Pois num é ! -- Consentiu dona Nenen se sentido consentida e em seguida dando uma baita gaitada . -- Há , há , há !

-- Há , há , há . -- Retribui o notário .

Foi daquele momento em diante que a velha também começou a sucumbi as bajulações do jeitinho dela e da Toró :

-- Seu Naval é um cabra bom de peia mais , mas eu gosto do bicho vei !

-- A senhora é uma velha fuleraje mas eu também gosto da senhora .

-- Num me chame de fuleraje que eu num sou bagaço seu cabra bom de peia .

O Santo CaipiraOnde histórias criam vida. Descubra agora