17.0 Sara

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Chegamos no meio de Novembro com a agenda cada vez mais apertada de shows. Não que eu esteja reclamando, longe de mim, mas conciliar mais de uma apresentação por noite com Logan no cio me atacando no fim de cada uma delas está me deixando exaurida.

Claro, devo ressaltar, eu não estou reclamando de forma alguma! É mais como uma constatação mesmo pra deixar vocês avisadas de que permanecer virgem, mesmo com esse homem me tentando ao máximo noite após noite, tem levado cada esforço dobrado meu.

Essa é outra coisa também que é válido esclarecer, eu não estou fazendo cu doce. Aliás, é como eu já havia dito ao Declan: se eu quero, eu faço mesmo. Mas a maior questão aqui é que eu estou sentindo que estou me envolvendo demais nessa minha "relação" com o Logan, e saber que ele não mora aqui, que está só de passagem e que pode ir embora a qualquer momento meio que me faz tentar dar uma segurada nos sentimentos e no tanto que eu estou me envolvendo.

O problema é que, a cada dia que passa, eu tenho mais certeza de que é ele. Mesmo que eu no fundo esteja errada e perceba que no fim não era nada disso, nesse momento eu tenho o sentimento de que ele é o cara que meu coração, mente e corpo, trabalhando como um só, escolheram pra ser o outro protagonista desse momento tão especial. E isso é fodido num nível assustador.

Depois de cantar um dos repertórios que os frequentadores do P. J. Clarke's mais gostam, eu desci do palco observando a loira sozinha no bar - obviamente deslocada no meio de tantos homens - que me encarou com um misto de censura e surpresa o show inteiro, me olhando de cima a baixo, claramente repreendendo meu traje. Sem que ela perceba, me apoio no balcão ao seu lado e peço uma dose dupla do meu costumeiro uísque.

— Faz parte do show. - eu digo sem olhar pra ela, me referindo a forma sensual que me apresentei no palco essa noite e a qual ela olhou com desaprovação. Com um público desse composto por grande parte de homens, além de tocar música boa, eu preciso me vestir e agir do jeito mais lascivo possível. Não me recriminem, como eu disse, faz parte do show.

Vejo pelo canto dos olhos a menina virar pra mim, obviamente pega de surpresa, e dizer duvidosa:

— Desculpa, você falou comigo?

Mascaro minha graça do tom surpreso e ansioso na sua voz e termino minha bebida calmamente antes de responder:

— Você estava me olhando como meu ex fazia. - brinco num tom monótono, porém sério, só pra deixa-la desconfortável.

Vocês bem sabem, eu não tenho um ex. É até idiota falar isso sendo que eu acabei de tratar da minha virgindade com vocês. Mas enfim, brincar com a expressão de censura que essa garota estava me dando durante todo o show me fez sentir graça. Imagino o que não estava passando pela sua cabeça... Aliás, deixá-la envergonhada assim me divertiu.

Ela fica em silêncio, talvez assustada e em choque, e eu reprimo uma risada.

— Ele achava que eu parecia uma puta me oferecendo pra esses homens. - aponto com o polegar os frequentadores do bar as minhas costas. Confesso, minha calça de couro e meu decote nos seios teve a clara intenção de atrair os olhares alheios, mas com nenhuma função além de deixar os caras focados no palco. Homem é extremamente atraído pelo "visual", ou seja, pelo o que ele está vendo bem diante dos olhos, e isso em qualquer área da vida, então por que não usufruir disso pra chamar atenção pra apresentação também?

Ela então começa a falar com pressa, se enrolando:

— Me desculpa, sério. Não foi minha intenção, eu...

Mas quando noto o tom desesperado que começa a aparecer na sua voz, resolvo dar uma trégua e parar a brincadeira por aqui.

— Fica tranquila, estava brincando com você.

Meu Caos Nos Seus Olhos - Livro DoisOnde histórias criam vida. Descubra agora