36.0 Sara

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Eu ando à passos largos pela área externa, sentindo a grama fria e úmida sob os meus pés, e só então percebo que nem mesmo calcei um par de sapatos.

Eu sei que pode parecer exagerado, mas na minha atual situação com Logan, do jeito que as desgraças têm acontecido uma atrás da outra sem sossego, qualquer segundo faz muita diferença.

E eu não quero esperar nem mais um pequeno milésimo pra pedir desculpas, porque independente do que acontecer a partir daqui, eu não podia tê-lo ferido com as minhas palavras simplesmente porque me sentia ferida também.

Assim que passei pela cerca que dividia as duas propriedades e cheguei em frente à casa da fazenda vizinha, eu estanquei no lugar.

Como eu faria isso? Bateria na porta e pediria que chamassem Logan?

Ficaria aqui esperando embaixo desse sereno até que ele saísse?

Invadiria a propriedade e o arrastaria comigo de volta pra casa?

Como se o destino desse risada na minha cara, eu não precisei fazer essa escolha.

Observei a luz interna que vinha de uma das janelas e me aproximei lentamente enquanto minha visão se acostumava à enxergar ao longe.

Como o esperado, eu não me surpreendi com a cena que encontrei.

Talvez eu já imaginasse que aquilo uma hora iria acontecer, já que Logan havia ido até lá justamente para receber essa resposta.

Sentados em uma grande mesa feito uma perfeita família feliz, Logan jantava com Sabina ao seu lado e um senhor acomodado na cabeceira da mesa. O velho sorria satisfeito enquanto Sabina comentava alguma coisa, gesticulando e parecendo animada, enquanto segurava a mão de Logan apoiada sobre a sua barriga. Ele também tinha um sorriso nos lábios.

Logan estava sorrindo enquanto deixava sua mão proteger o ventre dela.

E então, eu pude ler as próximas palavras nos lábios da cobra como se ela estivesse sussurrando no meu ouvido, com o seu tão conhecido tom venenoso:

"Nós somos uma família agora."

Simples assim.

Se essa não era a resposta que Logan estava procurando, foi resposta suficiente pra mim.

De forma mecânica, eu me virei e caminhei de volta para a casa.

Dessa vez, eu não precisei me apressar.

Não estava mais correndo contra o relógio.

Logan não parecia ter hora pra sair dali.

Afinal, nosso tempo estava acabado.

E ele sabia disso.

Passei pela porta da cozinha sem falar com ninguém. Percebi os meninos, Scot e Dona Adélia me olhando de forma estranha, mas não dei atenção nenhuma.

Eu estava completamente anestesiada.

Subi pelas escadas calculando quantos minutos eu levaria pra juntar minhas coisas e sair daquela casa.

Eu já havia deixado claro que não ficaria no meio de uma família, e por mais que eu tivesse ido até ali me desculpar pela forma que fiz Logan se sentir, aquela minha decisão não havia mudado. Eu não seria o empecilho na vida de uma criança.

Aquilo nunca iria acontecer.

Joguei minha pequena mala na cama e agradeci aos céus, pela primeira vez, por não ter tantos objetos pessoais. Em pouco tempo, minhas coisas estavam empacotadas e prontas.

Meu Caos Nos Seus Olhos - Livro DoisOnde histórias criam vida. Descubra agora