Capítulo 25

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A HISTÓRIA ACABA NO 30. 

LIZZIE 

Eu me lembro da minha mãe. Ela tinha cabelos compridos e seu sorriso tinha a familiaridade que eu sempre amava. Mamãe mantinha dois anéis sempre em sua mão esquerda, a aliança de casamento e um outro anel de rubi, herdado da minha avó. Ela costumava pentear meu cabelo e sorrir, dizendo que um dia aquele anel seria meu. Todas as músicas antigas que eu escuto hoje foram de alguma forma, a herança que me sobrou dela. Mamãe trabalhava com o som no máximo, as músicas ressoavam pelo lugar e eu me lembro quando depois dela sair um dia, eu peguei seu cd do Elton John e escutei escondido, julgando que a música era da minha mãe, só ela poderia escutar. 

Mas eu queria mais do que escutar suas músicas, eu queria ser como ela era. Meus pais sempre foram o típico casal hippie, eu não sei como isso realmente deu certo no fim das contas mas meu pai ainda fumava e minha mãe colecionava pedras que ela jurava trazer uma boa energia. Quando ela morreu, meu pai jogou todas as pedras fora e não sei exatamente o que ele fez com os discos. Durante um mês fiquei na casa dos meus avós e me lembro de não entender muita coisa mas sentir falta dos sons, as risadas, de tudo o que envolvia a minha mãe. 

Landslide. Meu pai costumava ouvir sempre a mesma música quando sentia a falta da minha mãe. Isso foi automaticamente transferido para mim e eu tenho certeza disso enquanto escuto nos meus fones e tento encontrar a melhor forma para conversar com papai. Ele desce as escadas e sorri para mim enquanto eu me ajeito no sofá da sala e retiro os fones. 

-Ei - digo e ele se aproxima. 

-Oi, eu ouvi vozes? - pergunta já sabendo a resposta. Rio e afirmo. 

-Sim, Harry estava aqui - ele arregala os olhos mas sei que já tinha certeza da minha resposta - Pai, você tem um tempo? Podemos... podemos conversar? 

-Ah, sim - ele olha para o relógio e afirma, se aproximando logo depois e sentando em sua habitual poltrona - Não é sobre netos, certo? 

-Pai! - o repreendo e ele ri, dando de ombros - Ah, não é uma conversa muito boa na verdade. Eu estou com um problema enorme e de uma forma absurda isso inclui a mamãe. 

Sinto seu corpo enrijecer e vejo como ele entrelaça os dedos das mãos, cheio de preocupação. Papai não faz ideia de tudo o que eu sei e não consigo achar o melhor jeito de dizer tudo à ele. Não sei se devo excluir a parte sobre Jacob ou se devo falar sobre tudo. Tenho vontade de vomitar. 

-Eu sei o que aconteceu. O processo, o acidente, eu sei sobre tudo isso - digo rápido e ele arregala os olhos. 

-O que? Como...? - diz e morde o maxilar - O que está acontecendo, Lizzie? 

Me ajeito no sofá e mordo o canto da boca, limpando a garganta logo depois. 

-Eu fiquei sabendo sem querer, pai - minto porque sei que contar sobre Jacob será informação demais à ele - Me contaram sobre isso e eu só... só queria saber o que realmente aconteceu, você nunca falou sobre isso eu nem - respiro fundo e olho em seus olhos - eu nem sei se é verdade. 

Papai passa a mão no rosto e respira alto. Sei que está irritado por eu ter tocado nesse assunto mas eu precisava resolver um pouco a minha vida antes de continuar levando tudo como estava. Eu precisava resolver a minha vida e deixar isso tudo para trás assim como papai fez um dia. 

-É verdade, Liz - diz e me olha - Mas as coisas foram resolvidas, foi tudo muito bem esclarecido e-

-Espere, o que? - pergunto e fico confusa, minha cabeça gira e me sinto enjoada - O que você quer dizer? Não há mais nada em aberto sobre isso em relação à empresa ou...? 

For Her | H.S.Onde histórias criam vida. Descubra agora