COMENTEM E VOTEM.
HARRY
Liz está sentada na cadeira, enrolada em um cobertor com uma xícara da mão, me olhando. O cabelo em um coque e a pouca luz que passa da cortina faz com que ela pareça ainda mais linda. É uma boa forma de acordar. Em casa, com ela.
Puxo o cobertor até o meu pescoço e me espreguiço, me dando o deleite de não abrir os olhos completamente.
-Bom dia - digo e Liz ri.
-Bom dia, lindo - responde e eu abro um pouco mais meus olhos - Dormiu bem?
-Feito um filhote de cachorro e você?
-Bem - diz e deixa a xícara em cima da escrivaninha, se aproximando de mim ainda enrolada no cobertor, se aconchegando do meu lado.
Abro o meu edredom para que ela deite no meu peito e Liz se aninha em mim, seu cheiro familiar me dando bom dia. Eu me sinto muito mais do que em casa com ela aqui. Me sinto completo e pronto para o que quer que seja. Conseguir ter Liz ao meu lado sem nenhum porém tem sido um alívio. Ela tem sido meu alívio no meio de toda a rotina pesada e bagunçada da vida.
Eu não tenho mais certeza sobre a minha volta à Londres após me formar. Eu não tenho mais certeza sobre odiar a Califórnia e muito menos odiar as pessoas de lá. Tenho passado a maior parte do tempo tentando fazer com que eu entenda que as pessoas eram simplesmente um reflexo do bloqueio que eu mesmo criava. Se me abro à elas, elas estarão agradáveis à mim. Bem, isso não funciona com todo mundo é claro, mas funciona.
Lizzie está aprendendo aos poucos sobre ser segura, sobre o amor, sobre confiança, carinho. Eu percebo como dizer que me ama ainda soa difícil aos seus lábios, como seu rosto cora ao se referir a mim de forma carinhosa. Eu percebo como chorar na minha frente ficou mais fácil, como gritar, brigar e dizer coisas estúpidas se tornou muito mais natural.
Eu não espero que tudo se alinhe rapidamente ou que nós dois possamos nos acomodar um com o outro em segundos depois de tudo o que aconteceu mas eu quero de todo o meu coração que Liz aprenda mais sobre ela mesma enquanto está comigo.
-Eu falei com a sua mãe - diz e eu murmuro em resposta - Ela foi... ela foi incrível.
-O que? - abro os olhos e Liz ergue a cabeça, sorrindo.
-Sim! Ela perguntou algumas coisas, me abraçou, disse outras coisas e foi tão compreensiva... eu nem sei como aquilo aconteceu.
-Quando foi isso? - pergunto e Liz sorri mais.
-De madrugada, eu precisava beber água - responde - E ela estava lá.
-Ela foi compreensiva? - pergunto tentando ter certeza.
-Sim, muito. Comigo e com você! Disse que sentia muito sobre o jantar, também.
-Caralho, isso é bizarro, Liz - digo e ela ri, fazendo com que eu ria também.
Recebo um beijo sutil na boca e sinto minha namorada aninhar no meu peito, sorrindo.
* * *
Os sons do talheres ressoam pela sala de jantar e a risada da minha mãe é alta. Liz coloca o cabelo atrás da orelha, sentada ao lado de Gemma enquanto eu bebo mais uma taça de vinho. O som baixo no lugar deixa a situação ainda mais familiar. Minha família e Liz, todos no mesmo lugar, deixando todo o caos da Califórnia pra trás e tentando começar tudo como se nada tivesse atrapalhado.
-Não quero que vão embora! - minha mãe diz, apoiando o queixo na mão.
-Eu quero sim, na verdade já enjoei de você, Harry - Gemma diz e me manda língua, rindo logo depois.
-É um prazer saber que sentimos a mesma coisa - afirmo brincando e Liz revira os olhos.
-Quero agradecer à vocês - Liz diz e olha para a minha mãe, sorrindo sem jeito - Sei que não sou a pessoa dos sonhos que você imaginou para Harry mas, acredite, eu sou muito melhor com ele.
Eu sinto meu rosto queimar mas meu peito está pronto para explodir quando minha mãe segura a mão de Liz, os olhos cheios de lágrima. Gemma sorri, animada, e pela primeira vez realmente acredito que está feliz com a garota que está comigo. Liz está tão emocionada quando mamãe e quero realmente propor de não voltarmos.
Por um segundo me lembro como gosto do pai e Liz e de suas piadinhas ruins e acabo achando que tudo tem um lado bom. Parte da minha dificuldade com a Califórnia foi culpa de Debby. Ela fazia questão de me deixar desconfortável simplesmente porque não fazia a menor ideia de como demonstrar seus sentimentos.
Não que eu pudesse corresponder - porque isso nunca foi uma possibilidade pra mim - mas a convivência poderia ter sido muito mais fácil se ela medisse o que falava com o que fazia. Eu não queria magoar ninguém também, então eu me via em uma situação horrível.
Mas eu sabia exatamente o que eu queria.
Quem eu queria.
Liz sorriu e eu pisquei para ela, sentindo o alívio de dar à ela a chance de ser quem ela realmente é.
No outro dia pela manhã arrumamos as malas e fazemos todo o caminho de volta à California. É bem melhor agora, com as mãos de Liz nas minhas mas eu sei que é bem mais que isso. A gente ainda vai brigar, ainda vai se enfiar em uma quantidade enorme de discussões sem motivo e em algum ponto algo vai nos fazer acreditar que não damos mais certo.
Talvez isso realmente aconteça mas eu sei que vou estar pronto pra ainda tentar - o máximo possível - fazer isso dar certo.
Fazer a gente dar certo.
Amo essa mulher.
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Demorou, mas saiu! E pra quem lê RAY, o final sai também essa semana. E pra não deixar ninguém órfão, FINGERPRINTS tá no começo pra vocês.
Beijo beijo e obrigada por terem lido tudo isso!
Amo cada uma.B.
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For Her | H.S.
FanfictionEu precisava dela. E ela sabia disso. Ela soube desde o dia em que me fez dirigir pela Califórnia enquanto acariciava meu cabelo e sorria para mim, o som alto no carro sendo entrecortado pelo vento. Ela sabia porque disse que gostava de mim. E e...