•Dezoito•

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Isa saiu do banho com a Kim.

-Vamos jantar nos meus pais hoje. -Falei e ela me olhou meio estranha. -O que? -Perguntei e ela torceu o nariz. -O que foi, Isabella? -Perguntei e ela colocou a Kim no chão.

-Filha, vai escolher uma roupa e eu já vou. -Ela falou e Kim foi.

-O que foi? -Perguntei mãos uma vez.

-Nada, João.

-Nada não, fala o que foi. -Pedi e ela suspirou.

-Eu sei que você é do morro, seu pai é ex dono, você sabe que eu não tenho nada contra. -Falou ela.

-Mas...? -Perguntei.

-Mas eu não acho seguro, não quero minha filha perto de armas, perto de trafico...

-Isabella, eu sou o dono do Alemão. Kimberly é minha filha, você é minha mulher, isso já coloca as duas em jogo.  -Interrompi ela.

-Eu sei, João, mas eu não quero minha filha jogando esse jogo. E quando aquela menina me mandou pro hospital?

-Aquilo foi diferente. Ninguém vai relar um dedo na minha filha, não dentro do morro, muito menos em você. O morro é o lugar mais seguro. -Falei.

-Ela só tem três anos, João. Não quero que a infância dela seja estragada. -Falou ela.

-Estragada? Eu cresci naquele morro.

-E olha o que aconteceu. -Ela falou irritada e saiu do quarto. Meu Deus!

-Isabella, volta aqui! -Fui atrás dela. -O que está querendo dizer? -Perguntei andando atrás dela.

-Quero dizer que quero que minha filha fique com sua inocência intacta. -Ela falou irritada.

-Está falando que não quer ir?

-Não, João Pedro, não é nada disso! Eu quero ir, Kim deve estar com saudade dos avós, eu só acho perigoso pra ela, lá tem arma, tráfico, violência...

-Como em qualquer outro lugar. -Falei.

-Eu sei, João, mas estamos falando de um morro. -Ela fez gestos com as mãos. -Um morro de favela, baile funk, comando vermelho, entendeu? Tiros, troca com a polícia, invasão, tem uma UPP ali perto, com certeza tem invasão sempre, hoje ainda é sexta, ou seja, dia de baile, o morro vai estar movimentado! Ela é a porra da filha do dono do Alemão! Se alguém fizer mal pra ela... -Isabella estava começando a se elevar.

-Para de noia, Isabella, você tá atraindo coisa ruim. -Falei e ela riu irônica.

-Não me trate assim, é perigoso e você sabe.

-Não, Isabella, isso é paranoia sua. Se alguém fizer alguma coisa com a Kim eu vou matar a pessoa, simples assim. Eu não quero saber quem é, mexeu com a minha filha, vai morrer. -Falei e ela bufou. -Isabella, Kim vai estar segura.

-Eu não quero arma por perto, João, não por enquanto.

-Tudo bem. -Falei levantando as mãos.

-Vou ir vestir...

-Não, vai você se arrumar, você demora séculos.

-Teu cu. -Ela falou indo pro quarto dela e eu ri.

Fui pro quarto da Kim.

-Já escolhi. -Kim falou e assenti.

Coloquei a calcinha nela, ela escolheu uma calça legging preta, uma regata branca, um tênis preto com branco e um casaco rosa. Vesti ela, passei perfume nela e penteei seus cabelos.

-Prende meu cabelo, papai. -Ela falou me entregando um elástico.

Tá, não deve ser tão difícil. Juntei o cabelo dela com cuidado, Kim tem pouco cabelo. Demorei um pouco mas consegui. Até que ficou bom.

Aconteceu 2: Filha do MorroOnde histórias criam vida. Descubra agora