Não conseguia tirar meus olhos dele.
Ele estava parado, com um baseado em uma mão e uma lata na outra, várias mina dançava na frente ele, mas nunca encostava e ele nem olhava elas, mas quando encostava ele logo empurrava as mina, algumas caíam de cara e eu não aguentava e ria um pouco, era engraçado.
Não sei porque eu tô tão interessada nele... Não posso estar gostando dele, quer dizer, ele não sente o mesmo por mim, ele só quer me comer. Mas está suave, não tô gostado dele mesmo.
Decidi que iria dançar e dar uns beijos, porque eu mereço.
Cheguei no vapor que ficava na escada.
-Vou dar uma volta, consegue 300ml, dois baseado e uma dose, fazendo o favor. -Pedi e ele assentiu.
-Eae, 300ml da gelada, dois beck do Verde e uma dose no capricho pra patroa, ela está descendo do camarote e quer tudo pra ontem. -Ele falou no radinho.
-Pode pa que nois já mandou buscar, dois minutos e ta na mão. -Responderam e pisquei pro vapor e desci as escadas rebolando o quando eu podia.
Nunca olhava pra baixo, sempre de nariz em pé e com a famosa carranca. Caminhei até o barzinho e logo me entregaram os bagulho. Uma dose de whisky, energético e gelo de Coco, uma garrafinha com 300ml de lança perfume e dois baseado bolado. Sai no meu pião.
Comecei bebendo e baforando, quando meu copo acabou eu acendi um baseado. Já sarrei em três moleques e peguei só um, mas o que eu queria me sarrando não estava. Justin Bieber, lógico.
Fazia o quadradinho, rebolava, fazia as coreografias, sem contar no ombrinho, arminha, fala, nois desenrola no passinho dos maloka, fi.
Então senti mãos na minha cintura que me fizeram esquentar no mesmo momentos. Uma respiração na minha orelha e logo me virei pra trás, mesmo já reconhecendo esse perfume.
-Nossa garoto, que susto! Tá loco de chegar assim em mim? -Perguntei me fazendo de madre Tereza e empurrando ele, que não se separou de mim.
-Desculpa, não resisti. Sua bunda que tava me convidando. -Ele falou me olhando e mordendo os lábios. -Você está muito gostosa hoje, parabéns. -Ele falou me olhando de cima a baixo. Aquilo estava aumentando meu fogo. Eu estava bêbada, na brisa do lança e de maconha, tava beeem online.
-Você bate cartão no baile né? -Perguntei e ele riu se aproximando.
-Eu venho só pra te ver. -Meu corpo se arrepiou e ele deu uma risada gostosa.
-Vem pra usar drogas, isso sim. -Falei e ele riu negando.
-Aqui eu sei que te encontro. -Ele falou e piscou pra mim.
-Já ta bêbado. Falando coisas sem sentido. -Falei e ri e ele também.
-Na verdade não. Eu só falo verdades, ainda mais quando to bêbado. -Ele falou e ri negando.
-Duvido.
-Faz uma pergunta. -Ele pediu sério e assenti pensando.
-Por que você sempre vai na saída da escola? -Perguntei.
-Uma vez eu tava descendo o morro e vi você saindo da escola ai eu decidi ir de novo, até te conhecer. -Ele respondeu.
-Por quê?
-Você me chamou a atenção. -Ele respondeu por atrás e fiquei um tempo sem responder nada, não sabia o que responder. E ele riu. -Tô louco pra te beijar. -Ele falou olhando minha boca.
-Não está me beijando por que não quer. -Falei e não deu outra. Ele puxou minha cintura e iniciou um beijo quente e cheio de pegada, sim, ele tem pegada. E que pegada.
Ele apertava minha bunda e puxava meu cabelo ao mesmo tempo, eu puxava seus cabelos da nuca e arranhava sua nuca de leve, um beijo cheio de emoções. Encostamos na parede do lado do carro de som. Ele na parede e eu na frente dele, sarrando ele. A gente tava baforando e fumando um baseado. Sem contar que as vezes a gente embrazava junto. Tava muito divertido, até que escutei um barulho de rojão e logo o céu ficou vermelho.
-MOIO! MOIO! MOIO! É OS VERME! -Começaram a gritar e a correria começou. Olhei em volta procurando algum vapor.
-Vem! -Ale me puxou e começamos a procurar um lugar pra se abrigar.
-Calma. -Pedi olhando em volta, tinha que ter algum vapor, eu que tenho que ficar na linha de frente. -Ale! Para de correr! -Pedi, mas não adiantava, os barulhos de tiro estavam muito altos.
-Qual é! Cadê a patroa? -Perguntaram no radinho e peguei pra responder, mas o radinho caiu e Alexandre continuou me puxando. Porém me soltei dele e ele se virou pra mim.
-Eu já te encontro. -Falei e beijei ele.
-Tá maluca? Vem comigo! -Neguei e ele se negou a me soltar.
-Confia em mim. -Pedi e ele olhou nos meus olhos.
-Vou te esperar na escola. -Ele falou depois de um tempo pensando e me beijou.
Desci o morro e já saquei a pistola. Fui descendo e logo vi os irmão e os vapor trocando com os stive. Comecei a trocar também, mas estava escondida pra não ser alvo. Consegui passar alguns, outros foram caindo com o tempo. Só sei que eles viram que nois tava bem armado e desistiram. Eles foram embora e sai de lá.
-Geral está bem? -Perguntei olhando eles, alguns caídos, mas a maioria bem. -Leva eles pro pontinho, limpeza no Morro, moio o baile. -Falei e eles assentiram.
Subi e peguei minha moto. Fui pra escola e parei ali. Logo avistei Ale e sua moto. Ele me viu e já desencostou da moto. Desci e ele me beijou.
-Você tá bem? -Perguntou olhando em cada canto de mim, pra ver se tinha alguma coisa.
-Tô bem. -Falei e ele me deu mais um selinho.
-Me assustou. -Falou ele. -Vai pra sua casa agora? -Assenti e ele fez o mesmo. -E nem vai pra aula amanhã ne? -Perguntou e dei de ombros.
-Ainda não decidi, acho que nem vai ter aula amanhã. -Falei e ele assentiu.
-A gente vai se falando. -Ele falou e me acompanhou até minha moto. -Deixa eu pegar minha moto que eu subo com você. -Falou e neguei.
-Não se preocupa, eu vou a milhão. -Falei e pisquei pra ele.
-Mas cê não sabe se tem algum traficante por aí. -Ele falou e dei uma risadinha.
-Sou moradora. -Dei de ombros e o beijei uma última vez. -A gente vai se falando. -Dei um selinho nele e subi na moto, indo pra casa a milhão. Quando cheguei na rua, meu pai e minha mãe estavam do lado de fora da casa me esperando.
-Mãe, vai pra dentro. -Falei e eles arregalaram os olhos e vieram ao meu encontro. Desci da moto e eles me abraçaram fortemente. Eu ainda tô muito louca? Tô.
-A onde estava, Kimberly? -Meu pai perguntou irritado. -Teve invasão no Morro.
-Jura? -Perguntei irônica. -Se você não tivesse me falado, não teria desconfiado. -Falei e peguei minha moto e fui no pezinho até a garagem.
-O que quer dizer com isso? -Ele perguntou e neguei com a cabeça.
-Deixa quieto, morreu o assunto. -Falei e entrei em casa pela porta da garagem.
Subi as escadas e me tranquei no meu quarto. Tomei um banho e cai na cama.
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Aconteceu 2: Filha do Morro
RomanceSegunda temporada. Isabella volta para o Rio de Janeiro com sua filha, a herdeira do dono do morro, mas acredite, não por vontade própria. Ela acaba reencontrando o pai da filha dela e ai já viu... Ambos ainda sentiam coisas, Isabella não conseguia...