•Sessenta e Um•

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Tomei uma ducha e me arrumei.

Coloquei uma saia preta de couro, um cropped Preto, arrumei meu cabelo deixando ele como sempre, fiz uma maquiagem pesada e coloquei meus saltos altos. Peguei uma bolsa pequena, coloquei dinheiro, meu celular, identidade e meu maço.

Diz minhas higienes e falei com a Thaylla. Ela disse que estava pronta. Desci e meus pais estavam na sala.

-Partiu pai? -Perguntei e os dois me olharam.

-Você está linda, filha. -Minha mãe falou e dei uma voltinha.

-Obrigada.

-Vamos antes que te prenda em casa e te solte com 34 anos. -Falou meu pai dando um selinho na minha mãe.

Ele pegou a chave do carro e fomos pra garagem. Descemos pra casa da Thaylla e ela esperava com o pai dela, que quando viu o meu pai, arregalou os olhos.

-Oi tio. -Thaylla falou beijando a bochecha do meu pai e beijando a minha.

Thaylla passa a maior parte dos dias na minha casa, então ela e meus pais tem uma ótima relação.

-Eu falei, pai. -Thaylla falou pro pai dela que acenou e meu pai acelerou.

-Falou o que pro seu pai? -Perguntei.

-Ele perguntou como eu ia e falei que o JP ia levar. Ai ele falou, "vou esperar com você, se não for o dono em carne e osso eu te arrebento." -Falou ela normal e rimos. Ela deu o endereço pro meu pai e ele nos levou.

Demorou uns vinte e cinco minutos até a casa do boyzinho, era meio longe do Morro. Mas a festa estava bombando.

-Vou mandar dois vapor vir vender aqui. Olha quanto jovem que quer uma droga. -Falou meu pai olhando a casa movimentada. -Se cuidem, me liguem quando for pra buscar vocês. -Falou meu pai beijando minha testa.

Nos despedimos e entramos na casa. O funk tocava bem alto, tinha várias pessoas aqui dentro, mal da pra se locomover.

-Vem, vamo beber. -Falou ela pegando na minha mão e me puxando pro bar improvisado. -Duas ice, fazendo o favor. -Ela pediu e logo me entregou o copo azul.

Começamos a beber e fomos dançar.

Já tínhamos tomado dois copos e estávamos dançando fazia tempo.

-Menina, olha quem está ali. -Falou ela apontando pro canto do salão, Milena e seus amigos estavam lá e Ale também. A cara dele de tédio olhando o copo cheio fez o meu dia.

-Acho que vou no banheiro. -Falei e ela assentiu. -Não sai daqui. -Ela assentiu mais uma vez e eu caminhei pelas pessoas, trombando na maioria delas.

Entrei no banheiro que cheirava a vômito e sexo.

Me olhei no espelho e estava louca. Lavei as mãos e sai novamente do banheiro. Estava caminhando para encontrar a Thaylla, mas acabei trombando em um menino e derrubei o copo dele no chão.

-Desculpa. -Pedi e olhei o menino que me deu um sorrisinho.

-Não se preocupa. Mas acho que deveria tomar uma dose comigo. Só pra compensar. -Falou e ri. Ele era bonitinho e eu estava alterada. Por reflexo olhei pro lado e Ale percebeu minha presença e agora ele tava pousado em mim e no menino.

-Claro. -Falei e fomos pro bar. Ele pediu duas ice e eu comecei a procurar a Thaylla pela multidão.

-Procurando o namorado? -Ele perguntou e o olhei novamente, ele já tinha seu copo na mão e peguei o meu.

-A amiga. -Corrigi dando um gole daquela bebida. Começamos a conversar e beber. Quando percebi, estava meio tonta e senti meu corpo cansado e meio mole, na metade do copo.

Percebi que tinha alguma coisa errada, quando a música começou a ficar em câmera lenta na minha cabeça, assim como as pessoas, e não conseguia entender o que estava acontecendo em volta.

-Bebe mais. -O menino pediu e assenti com um sorriso.

-Vou só no banheiro rapidinho e já volto. -Falei pegando meu copo e ele assentiu.

Sai da vista dele, joguei o copo longe e me perdi no meio das pessoas.

Eu trombava nas pessoas e não conseguia pedir desculpa. As palavras não saíam. Estava, pela primeira vez, com medo. Me sentia completamente vulnerável, com certeza ele colocou alguma coisa na minha bebida.

Acabei trombando, pela minha felicidade, com a Thaylla.

-Kimberly! Finalmente! -Ela parecia preocupada. -Eu te procurei na festa toda, onde estava? -Ela perguntou olhando meu rosto. -Você ta bem?

-Thaylla, acho que colocaram alguma coisa na minha bebida. -Falei e ela arregalou os olhos.

-Eu vou ligar pro seu pai, vem. -Ela pediu e assenti. Ela me ajudou a ir pra fora da casa. -Cadê sua bolsa? -Perguntou e me sentei na calçada.

-Acho que esqueci no banheiro. -Falei pensativa e ela pareceu pensar.

-Kim, olha pra mim. -Tentei focar nela, mas tinha duas Thayllas na minha frente.

-Você tem uma irmã gêmea? -Perguntei risonha.

-Kim, tenho que pegar sua bolsa e mas já volto. Não sai daqui, não fala com ninguém e nem vai embora, tá me entendendo? Eu vou e volto um, dois. -Falou e beijou minha testa. -Papo 10, não sai daqui. -Falou ela e, depois de murmurar um "por favor", ela entrou novamente na casa.

Me levantei e fiquei encostada na parede, uma mima jogada na calçada é muito pala, tentei recuperar minha sanidade mental, ou pelo menos o controle do meu corpo, mas não tava dando muito certo. Comecei a sentir um sono pesado.

-Ela ta aqui! -Ouvi falarem e olhei pra trás. Era o menino da bebida e mais dois meninos vinham atrás. Senti meu corpo entrar em alerta. Por que Eu não trouxe minha pistola?

Eu não ia conseguir me defender, mas eu vou morrer tentando.

-Onde estava, princesa, pensei que ia voltar. -O menino da bebida falou se aproximando. Ele e seus amigos tinham cara de mal.

-É que você tem bafo. -Ataquei ele, mas minha voz saiu mole e meio arrastada, mal conseguia manter meus olhos abertos.

-Vou te mostrar o bafo... -Ele veio pra cima de mim me pressionando na parede e eu sentia meu corpo meio mole, tentei reagir, mas ele era mais forte e seus amigos decidiram o ajudar. Comecei a sentir desespero.

-Me solta! -Falei alto e ele tampou minha boca. Comecei a me debater enquanto ele beijava meu pescoço e tentava subir minha saia. Estava ficando desesperada.

-Solta ela! -Ouvi a Thaylla falar e começou a bater nele, mas outro amigo dele a segurou.

-Na falta de uma, agora temos duas. -O menino do copo falou sorrindo perverso.

-Eae Jão, cês tem três segundos pra ir embora inteiros. -Ouvi aquela voz...

-Vai catar o que fazer, parceiro, que as gatinhas tão com a gente. -Falou o menino da bebida sem nem olhar pra ele. Ele deu um sorriso macabro.

-Na verdade, eu não sou relógio pra dar tempo. -Foi ele falar isso que seu punho fechado acertou o rosto do menino na minha frente, fazendo ele me soltar, me fazendo cair no chão com os olhos cheios de lágrima.

Ale sobe no menino e começa a socar seu rosto com vontade, mas seus amigos tiram Ale e começam, os três a bater nele.

-Para! -Pedi e Thaylla veio na minha direção. -Ajuda ele. -Pedi, sentia meu corpo fraco, como se fosse dormir.

-Amiga, fica acordada, ta bom? -Pediu e assenti, mas meus olhos já se fechavam.

-É a patroa! Eae cabelo! Encosta aqui! -Ouvi um vapor do meu pai. -O que nois vai fazer cachorro? Tamo no asfalto.

-É a patroa, se nois for preso o chefe tira nois, cuzão. -Outro falou.

-Mas tem quatro garotos. Quem nois ajuda? -Perguntou ele.

-Ajuda o loiro! -Thaylla falou, escutei dois tiros e depois tudo ficou escuro.

Aconteceu 2: Filha do MorroOnde histórias criam vida. Descubra agora