•Vinte e Nove•

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Não demorou até a gente chegar no aeroporto. Vamos viajar de noite, já que é menos movimentado.

-Se cuidem, avisem quando chegar lá. Tomem cuidado, não se esqueçam de apertar bem o sinto no avião, minha mãe falou enquanto beijava as bochechas da Kim que dormia em pé.

-Ai, vovó! Você tá me babando. -Kim resmungou limpando seu rosto.

-Tudo bem, vão logo. -Minha mãe falou fungando.

Nos já tínhamos despachado as malas e o Mike, estávamos apenas com a bolsa da Isa e a mochila da Kim.

-Tchau mãe, até mês que vem. -Beijei sua testa e a abracei. -Tchau, velho. -Falei e ele me puxou para um abraço.

-Vou fazer de tudo pra pegar o Enzo antes de voltarem. -Ele sussurrou para mim e assenti.

-Eu sei que sim. -Falei e eles se despediram da Isa e da Kim.

Peguei a Kim no colo e ela logo se aconchego no meu ombro e dormiu ali mesmo.

-Nossa, Isabella. Essa menina dorme em qualquer lugar. -Falei e ela riu.

-No primeiro dia dela, quase surtei, porque ela não chorou de noite e eu já tinha pensado o pior. Eu passei um tempo indo checar se ela estava realmente respirando. -Isabella comentou rindo e eu sorri, só pra não deixar no vácuo.

Fico imaginando todas as cenas, mas queria mesmo era viver elas.

-Por favor, coloquem objetos metálicos no compartimento. -Um segurança falou. Fizemos o que eles pediram e passei pelo detector com a Kim no colo e Isabella veio atrás, seu em nada e seguimos nosso caminho.

Sentamos perto do portão de embarque, depois de ter passado pela Polícia brasileira.

-Vamos chegar lá e um carro da empresa do Rafa vai nos levar em casa. La tem carro e tudo que precisaremos. -Isa falou se sentando do meu lado. -Acorda ela que ela tem que comer uma fruta. -Ela completou abrindo a mochila da Kim. Beijei seu rosto e fiz carinho com meu nariz.

-Para, papai. Quero dormir. -Ela resmungou e eu ri.

-Você tem que comer alguma coisa antes. -Falei sentando ela e ela coçou os olhos.

-Aqui, filha. -Falou Isa entregando um pote com maçã cortada. Segurei o pote e Kim começou a comer. Calmamente, como se tivesse todo o tempo do mundo.

O voo atrasou, o que fez a Kim ficar cansada de ficar sentada.

-Filha para de correr. -Pedi vendo ela correr em círculos em volta dos bancos em que estávamos.

-Vamos brincar de pega-pega. -Falou ela pulando e neguei.

-Você não tava com sono? -Perguntei e ela riu.

-Já passou o sono, papai. -Ela falou rindo.

- Só o seu. -Falei e bocejei em seguida. Eram 01:30 da manhã e ainda estávamos naquele aeroporto. Tenho certeza que Isabella esta no seu décimo sono. E Kim... Bom, a Kim...

Cadê a Kim?

Olhei em volta e sem sinal dela. Apenas pessoas, algumas dormindo, outras lendo ou conversando. Olhei pra Isabella e ela ainda dormia. Procurei a Kim e não estava encontrando ela.

Comecei a andar pelo saguão e chamar ela.

-Para de brincadeira, Kimberly. Aparece logo. -Falei olhando em volta e sem sinal dela. Se Isabella acordar, eu vou morrer.

Logo escutei a risada dela. Olhei em volta e nenhum sinal. Segui a risada e deu em outro saguão, de outra companhia aéria.

-Kimberley! -Chamei ela com uma certa força. Ela me olhou atenta. -A onde você estava? Você não pode sair andando por ai! -Falei me aproximando dela e ela abaixou a cabeça.

-Desculpa, papai. Você não quis brincar comigo mas o Bernardo quis. -Falou ela e a olhei atento.

-Quem? -Perguntei já sentindo meu sangue ferver. Tem marmanjo encostando na minha filha?

-O Bê. -Ela apontou para um menino que eu nem vi que estava ali. Uma criança, igual ela. Ele estava de cabeça baixa e com as mãos atrás do corpinho.

-Des-desculpa, senhor. -Ele falou baixinho e sem olhar pra mim. -O senhor pode me castigar da forma que achar melhor. -Falou ele e olhei pra Kim que olhava ele confusa.

-Meu papai não vai te bater, né papai? -Perguntou Kim e assenti.

-Eu só fiquei preocupado porque ela sumiu sem avisar, não precisa se culpar, Bernardo. -Falei e ele assentiu, ainda sem me olhar. O que os pais dele fazem?

-Senhores passageiros do voo 54392, com destino ao Canadá, embarque imediato no porta o vinte e nove. -Falou a voz mecânica.

-É o nosso voo, filha. -Falei e ela abraçou o Bernardo.

-Tchau Bê. -E veio pegar minha mão. -Vamos papai. -Falou e voltamos para o nosso lugar. Isabella falava com dois seguranças do aeroporto. Ela parecia desesperada, quando nos olhou, veio correndo.

-O que foi? -Perguntei vendo ela pegar Kim no colo e a abraçar fortemente.

-Eu acordei e vocês não estavam lá! Como acha que eu fiquei? -Perguntou ela me olhando nervosa. -A onde estavam? -Perguntou e olhei pra Kim.

-Brincando de pega-pega. -Kim falou dando de ombros e Isabella me olhou desconfiada, mas logo beijou a bochecha da filha.

-Vamos embarcar. -Ela falou e deu a mão pra Kim.

Entramos no avião e logo fomos para o nosso lugar, na 1 classe, obviamente.

Nunca viajei de avião, mas dizem que é seguro. Isabella sentou no corredor, JÁ que ela dormiria a viajem toda e me deixou com a Kim na janela.

-Papai, a gente vai voltar, não vai? -Kim perguntou se acomodando no meu colo.

-Claro que sim. -Falei jogando seus cabelos pra trás. -Por quê? -Perguntei.

-Eu não quero mais ficar longe de você e nem de ninguém. Não gosto da nossa antiga casa, eu gosto da sua. -Kim falou de olhos fechados e voz arrastada.

-Em pouco tempo estaremos juntinhos, filha. -Falei e beijei sua cabeça.

-Te amo, papai. -Falou ela antes de pegar no sono.

A viagem não foi tão demorada assim, não dormi em momento algum, mas primeiras horas, as duas dormiram, depois Kim me fez companhia o resto da viagem. Chegamos e o sol já estava nascendo.

-Coloca o casaco na Kim que eu vou pegar o Mike. -Isabella falou me dando a mochila da Kim.

-Vem aqui, filha. -Peguei ela no colo rapidamente e ela riu. Coloquei ela em cima de uma bancada.

Abri a mochila e peguei seu casaco. Vesti ela e logo escutei o latido do Mike. Um latido forte e alto, que fez todos calarem a boca.

-Aqui, menino. -Kim falou e coloquei ela no chão. Mike veio correndo e abanando o rabo, cheirando a Kim.

-Vou pegar as malas. -Falei e beijei a testa da Isabella.

Aconteceu 2: Filha do MorroOnde histórias criam vida. Descubra agora