Capítulo Doze - Em seus braços, posso encontrar o amor.

6.8K 824 810
                                    

Wade estava sentado na plataforma de ferro, atrás da oficina. O mar estava tão calmo e o pôr-do-sol lembrava certo par de olhos que ele adorava encarar. 

A cerveja não estava gelada do jeito que ele queria, seus sapatos estavam velhos demais e o frio começava a invadir cada poro de sua pele. Afinal, já começava outubro e isso significa inverno.

Ele usava a regata suja de graxa, os jeans velhos. Um lenço pendia dos bolsos, um cordão de soldado balançava conforme o movimento de seu pescoço. A barba por fazer, como sempre. Seu rosto estava se regenerando da pancadaria de ontem. 

Ontem. Ontem ele provou para a escola toda que sim, ele estava com Peter. Que Peter era o seu garoto do momento. Era seu.

Sua mão ainda estava enfaixada e ficaria assim por um bom tempo, de acordo com a enfermeira. 

Ele sentiu o cheiro de charuto. Uma chave foi jogada no seu colo, o seu chaveiro da Hello Kitty.

Logan estava de pé, na sua frente. Tinha um sorriso meio torto.

  —  Ela tá abastecida. Você pode precisar dela.

 —  Achei que estava de castigo.

  —  Prefiro devolvê-la do que ser seu motorista particular nesses dias.

Wade se limitou a rir e bebeu o resto da cerveja. Logan se sentou ao seu lado, estalando os dedos.

  —  Pelo jeito, o Martin conseguiu fazer um pouco de estrago.

 —  Não precisei ir ao hospital para colocar a mandíbula de volta no lugar, como ele, pai.

Logan deu uma tremida ao ver como Wade tinha o chamado. Não era costumeiro. A última vez que Wade o chamou assim foi no último dia de aulas, na sétima série. Ele estava chorando, assustado. Seu rosto estava carcomido de pancadas de outros garotos e ele estava muito machucado de um acidente doméstico. Os olhos azuis pediam ajuda e a voz chamava "Papai", enquanto se encolhia no casaco. 

Ele passou a mão nos ombros de Wade.

  —  Você é o meu garoto, Wade. Sei que o aconteceu, foi pelo bem de Peter. E seu. Eu teria feito o mesmo. Mas não pode achar que tudo se resolva na pancadaria.

 —  Eu sei. 

  —  Sabe mesmo? 

Wade riu.

 — Aprendendo. Posso mudar por e com alguém.

Logan deu um sorriso.

  —  É claro que pode. 

O silêncio se estabeleceu. Wade olhou para o mar. Nesse lado das docas, não tinha prédio algum do outro lado dessas docas, apenas a velha solidão dos barcos de pesca e de petróleo. Wade não gostava de Nova York. Ele tinha horizontes para um lugar melhor, como o Canadá. Logan sempre falava do Canadá. Toronto parecia ser melhor, com suas ruas calmas e seus bares hipsters.

Ele imaginou se Peter gostaria de ir com ele.

Não, Wade... Não pense nele.Não pense longe.

 Ele pensou em Peter. Não deveria. Mas a sensação de que Peter precisava dele não abandonava seu corpo e nem sua mente. Se Peter precisava dele, era algo que queria saber.

Logan encarava as águas azuis também. 

  —  Garoto, vá atrás dele. Você não disfarça nada.

Wade nem precisou escutar pela segunda vez.


Era de noite. Jarvis entrou dentro do laboratório de Peter, observando que ele fuçava em um microcomputador. 

Old School Love (Spideypool).Onde histórias criam vida. Descubra agora