Parte 3

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– Parabéns! – disse sua mãe animada, assim que a filha entrou no apartamento. Eu e o seu pai compramos isso para você, já que...

– Desculpa interromper – tirou a camisa, ficando apenas com um top – mas eu realmente preciso de um banho – falava enquanto andava, tirando o All Star. Estou morrendo de calor... digo, frio – balançou a cabeça negativamente – frio. Preciso de um banho quente. Já nos falamos.

– Mas, Erika?

Ligava o chuveiro enquanto tirava a última peça da roupa, entrando debaixo da água fria em seguida. Respirou fundo ao sentir aquela água gelada castigando seu corpo quente, mal consiga respirar, até que foi se normalizando e se tranquilizando. Mas ainda assim a água gelada doía em seu corpo, não queria aquilo. Na verdade, sabia muito bem o que queria. Aquele homem que lhe contou sobre o Vazio não era tão feio, além do que, provavelmente, era bem experiente. Poderia ensinar muitas coisas a ela, não apenas sobre o Vazio, mas sobre como ser uma mulher, em todos os sentidos.

– Mas que droga! Eu não quero isso! – disse em voz alta no banheiro. Droga!

– Está tudo bem aí, filha? – questionou a mãe à porta do banheiro, após algum tempo. Ouvi você dizer alguma coisa...

– Está... Só deixei o... a esponja cair. Odeio isso.

– Ah... Tudo bem, então – fez uma longa pausa, depois voltou a falar. Aconteceu alguma coisa na rua?

– Não, mãe – disse rindo, mesmo que não tivesse motivo para isso. Só estou com frio e querendo um banho...

– Certo... Termina logo esse banho para você ver o que eu e seu pai compramos para você.

– Ok.

Ok, Erika, controle-se. Assuma o controle de você mesma novamente, não tem nada que ficar pensando nessas coisas. Era o que pensava. Erika, então, começou a se concentrar, tentando fazer aquela sensação passar. Após alguns minutos, saiu do banheiro mais calma, enrolada na toalha. Ao passar pela sala, sua mãe se levantou do sofá e pegou uma pequena caixa embrulhada em um papel azul com um laço pequeno e dourado. Entregou para a filha com um sorriso satisfeito, Erika o segurou e depois abraçou a mãe, agradecendo. Após o abraço, abriu e viu a caixa de um iPod. Ela voltou o olhar para a mãe admirada e a abraçou novamente.

– Não precisava! Nossa, eu queria tanto isso – riu. Mas não precisava, um mp4 já estaria de bom tamanho...

– Você merece – disse sorrindo, olhando a caixa. E não se preocupe, achamos um bem parcelado. Como você gosta de música, não conseguimos pensar em um presente melhor.

– Ah... Obrigada... Vocês são uns amores... – olhou ao redor. E o pai, onde ele está?

– Saiu fazer umas compras, deve chegar em casa daqui a alguns minutos.

– Ok... Vou ali no quarto me vestir e botar esse rapaz para funcionar – riu, balançando a caixa.

Erika jogou a caixa sobre a cama e ligou seu laptop. Enquanto o sistema carregava, vestiu rapidamente um pijama e fechou a janela para que o vento frio não entrasse em seu quarto. Deitou-se e começou a se entreter com aquele presente, passando suas músicas para o iPod e esquecendo o que estava sentindo mais cedo. Suspirou ao ver um adesivo na parte traseira, escrito "Para Erika, de seus pais. Que nunca se esqueça do amor que existe entre nossa família". Deu graças a Deus por isso, antes de dormir.

...

Na noite seguinte, Erika estava de volta à lanchonete, maquiada e arrumada como na noite anterior, mas dessa vez estava sentada em uma mesa, olhando as pessoas que estavam por ali, vivendo suas vidas como se não existisse esse Vazio dentro delas. Seu dia foi um tédio, ficou em casa o tempo todo e dormiu boa parte desse tempo, estava se sentindo cansada pela tarde, mas lembrou que seu médico disse que isso seria normal até ela estar completamente recuperada. Colocou seu iPod sobre a mesa e selecionou a sua banda preferida, Linkin Park, para ouvir enquanto esperava, talvez em vão, aquele homem que lhe apresentou o Vazio.

VazioOnde histórias criam vida. Descubra agora