Parte 17

2 0 0
                                    

Já era noite quando chegamos, deixei Franziska em casa e levei Hod comigo. Erika estava assistindo televisão, comendo o sanduíche da manhã, Franziska tirou o casaco e se despediu de Hod, estranhando ele estar sem óculos. A francesa sentou na poltrona e se espreguiçou, visivelmente cansada.

Erika jogou o maço de cigarros para a amiga sem tirar os olhos do programa que falava sobre os átomos e seus componentes, sobre como se unem para formar as moléculas e por aí em diante. Franziska arqueou uma sobrancelha, mas não disse nada, acendendo um cigarro e relaxando na poltrona.

Erika ficava repetindo a frase mentalmente "Franziska é uma bobona" na esperança que ela lesse sua mente, até que isso aconteceu.

– Ok, quer conversar sobre isso? Imagino que isso te aborreça – disse com o sotaque mais carregado que o de costume. Afinal, você nem mesmo olha para mim.

– Hod explodiu uma granada hoje em uma lanchonete e eu salvei todo mundo –Erika mordeu o sanduíche e olhou Franziska. Eu consegui! Eu consegui dirigir sua moto também, eu sinto que posso fazer qualquer coisa – ela se levantou e riu. Vou à boate hoje!

– Espera um momento... Você pilotou minha moto?

– Sim, eu levei Hod na lanchonete. Eu usei meu Vazio para pilotá-la, e deu certo.

– Que orgulho – Franziska riu e deu um trago no cigarro. Que bom, Caso Perdido, fico feliz em saber que finalmente está conseguindo.

– Sim. Estamos no caminho certo, em breve vamos acabar com isso.

– Falando nisso, amanhã eu e você vamos para uma cidade a duzentos quilômetros daqui – deu uma tragada longa e baforou para cima, olhando a amiga nos olhos. Benjamin é nosso próximo alvo, um homem com ligações com esse tal culto.

– Nada de festa hoje?

– Faremos amanhã. Amanhã de manhã iremos comprar uma moto para você, já que já sabe pilotar, e faremos a viagem juntas.

– Uma moto para mim? – Erika sorriu, gostando da ideia. Mas motos não são caras?

– Eu dou a entrada, pago só a primeira parcela. Depois você evita ser encontrada pela polícia. De qualquer forma – sorriu e terminou o cigarro, apagando no cinzeiro, o corpo curvado deu uma visão privilegiada do decote para Erika – não acho que essa luta dure mais de um mês.

– Seus peitos são maravilhosos – riu. Você lê minha mente, é bom que posso falar tudo que vier a cabeça, pelo menos te deixo sem graça.

– Eu não leio seus pensamentos o tempo todo, eu preciso me esforçar pra isso.

– Anh... Então eu não precisava ter dito aquilo?

– Não. Claro que não.

Naquela noite, Erika não conseguiu dormir sem antes tomar meia garrafa de vodca e se masturbar na sala assistindo a filmes eróticos e fantasiando com sua amiga francesa. Enquanto isso, Franziska dormia exausta pelo trabalho que fizemos o dia inteiro atrás do culto.

O Vazio cobrava o preço de Erika, com calma, sem pressa.

...

– Uma Ducati vai servir – disse rindo a francesa, com um ar prepotente. Seiscentas e noventa cilindradas, é mais leve e mais ágil do que a B-king pelo menos.

Erika olhava a moto, sorrindo e deslizando os dedos pelas curvas daquela máquina, eram quase eróticos seus movimentos e seu sorriso. Franziska a olhava com um sorriso orgulhoso, o cigarro queimando devagar no canto da boca. A atendente, uma garota um pouco mais velha do que Erika, não entendia todo aquele desejo e sensualidade com a moto.

VazioOnde histórias criam vida. Descubra agora