Parte 14

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Erika passou pela caminhoneta, deu uma rápida olhada pela janela aberta e continuou o caminho, o mato seco estava brilhoso graças à chuva e o pouco sol da manhã se refletia no capim. Erika cruzou os braços por causa do frio e deu uma olhada para trás, de onde estava não via mais o meu carro, quando chegou na porta branca, respirou fundo e a abriu, sem bater.

Penélope estava de pé na sala conversando com mais quatro pessoas, três delas homens. O cheiro de morte e podridão atacou seu nariz no mesmo instante em que voltaram à atenção para ela. A mulher era de seu tamanho, acima do peso, branca como leite coalhado e tinha cabelos negros lisos e oleosos escorrendo pelos ombros. Dois homens eram negros, altos e magricelos, ambos careca e bem jovens, dezesseis anos. Um deles trazia um bigode fino que nunca foi feito. O outro era um senhor, na faixa de sessenta anos, com cabelos ralos e grisalhos, vestindo um terno branco e um cachecol negro em volta do pescoço. Os outros três usavam roupas simples, jeans e blusas de frio.

Erika sorriu e acenou para Penélope, dizendo seu nome, ela, por sua vez, levantou a mão sem expressão no rosto cadavérico. Os outros trocaram olhares entre si e permaneceram em silêncio. Por um momento, Erika pensou no que dizer, depois entrou e fechou a porta.

– Penélope, esses são os homens de Eduard?

– Quem quer saber? – o senhor de terno tomou a frente.

– Eu quero – respondeu nervosa e viu que Penélope fez que sim com a cabeça. Eduard me mandou ficar aqui de olho nas coisas.

– Interessante, ele me disse o mesmo.

– Pelo jeito ele não confia tanto assim em você – sorriu com deboche, indo para o lado de Penélope. De qualquer forma, o que estão fazendo, Penélope?

– Querem aprender sobre a morte. Aquilo que já te ensinei – os olhos secos acompanharam Erika. Como está Eduard?

– Cuidando de seus assuntos, como sempre. Erika cruzou os braços e ficou em silêncio, assim como todos na sala. Vamos, não parem por minha causa, desculpa o atraso.

Penélope começou a falar sobre a morte e seus detalhes, muito parecido com o que falou para Erika. A garota ficou observando os quatro, sentido seu coração depressa e a excitação tomando conta de seu corpo, percebeu que estava tremendo, mas se sentia bem. Em sua mente, queria apenas disparar sua arma, sentir novamente aquele sentimento, aquele tesão que sentiu no último tiroteio. Ela queria isso e o Vazio fazia questão de deixar isso bem claro. A conversa a entediava e os minutos passavam. Sem mais paciência, Erika interrompeu Penélope sacando a arma e apontando para o homem de terno, no mesmo momento os dois rapazes tentaram correr e a moça levantou as mãos assustada.

Erika disparou dois tiros, um em cada um dos que corriam, ambos acertaram em suas costas e caíram antes de chegar à porta. A garota se ajoelhou chorando, a arma agora foi apontada ao senhor de idade.

– Eu quero saber tudo sobre o culto, a seita.

– Garota insolente! Eu não vou dizer...

Suas palavras foram interrompidas por um tiro em seu joelho, o homem caiu de quatro, acompanhado de um grito, Penélope continuou imóvel, mas com um sorriso fino naquele rosto morto.

– Você está morta, garota.

O homem bravejou e Erika sentiu uma vibração gélida pelo seu corpo, quase audível e uma pressão em seu peito, por um momento ela se assustou com aquilo que sentia, mas seu coração voltou a bater depressa e a excitação tomou lugar da vibração. Erika sorriu e, com a arma apontada, caminhou até se aproximar do homem e pôs o cano da arma na sua testa com força.

– Estava desejando alguma coisa, não é? Queria que eu morresse? – Erika gritou, dando um golpe com a coronha no homem. Eu já morri duas vezes, velho idiota! Eu estive na alma do mundo, eu sou imortal e seu chefe de merda não vai conseguir nada do que ele quer.

VazioOnde histórias criam vida. Descubra agora