Parte 11

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Cerca de duas semanas havia se passado após a morte de Annabel. Já tinham retornado para a casa de Franziska, graças a Hod, que usou alguns favores e manipulou outros para que tudo terminasse bem. Entretanto, com a morte de Annabel, Hod se tornou mais rígido ainda, mais calado e mais amargo. Mal falava comigo, mal falava com alguém.

Já era noite, Franziska tinha acabado de retornar para casa e Erika estava sentada no sofá, assistindo a um dos filme do Rocky. Sua amiga francesa se juntou a ela no sofá, entregando um sanduíche e uma lata de coca cola.

– Agora entendo o que o Ângelo estava falando sobre esse filme –sorriu.

– É, Caso Perdido, você é uma figura.

– Vem cá, Franziska, desculpa a intromissão, mas...

– Eu não tenho namorado – suspirou, tirando a boina e ajeitando os cabelos. A pessoa que amo não... não ama ninguém. Então, fica por isso mesmo.

– Sei... Mas por que você não tenta amar outra pessoa?

– Direto ao ponto, sim?

– Quero ir à boate – pausou o filme, abrindo a lata de coca. Por favor, faz um tempão que não vou, e o pior, sabe como é, assim...

– Sei – disse de forma seca, vestindo a boina. Quer alimentar seu vaziozinho?

– Não é isso. É só que quero me divertir um pouco, eu tenho esse direito.

Franziska ponderou por um momento, olhando a cara do Stallone pausada na televisão. Por um momento, me disse ela, que se imaginou como um filme parado, por nunca sair da mesma situação. Sorrindo, ela se levantou, desabotoando a camisa enquanto ia para o quarto.

– Você venceu, Caso Perdido, podemos ir lá. Mas só hoje. E você vai me prometer que não vai beber demais.

– Uhu! – vibrou com as mãos para o ar. Não prometo nada! – se levantou e começou a dançar, sorrindo. Vou dançar, dançar e beber, beber e dançar, beber e beber!

– Caso Perdido...

...

– Duas doses de tequila! E que sejam duplas! – disse Erika, batendo a mão no balcão luminoso. E aí, o que você achou daqui?

Franziska se apoiou no balcão, abaixando a boina para lhe cobrir os olhos.

– Me dá até vergonha estar em um lugar desses. Eu sinto o Vazio dessas pessoas como uma corrente, um rio fluindo de todas elas, entre todas elas, para todas elas... Se harmonia não fosse uma palavra tão bonita e que indicasse paz, eu até diria que o Vazio deles estão em harmonia.

– Não pense no Vazio agora – riu e lhe passou a tequila depois de servida. Aproveite para esquecer desse seu amor impossível aí – virou o seu copo e ficou de costa para o balcão, olhando as mulheres dançando. Sabe, eu pretendo me encontrar com Hod amanhã, depois de todo esse tempo.

– Sério? – Franziska tomou um gole e pousou o copo. E o que vai dizer a ele?

– Não sei, vou procurar alguma coisa para fazer referente ao nosso problema –sorriu ajeitando o cabelo atrás da orelha. Tequila é bom... Barman! Mais uma!

O mesmo lugar abafado, barulhento e colorido de sempre. Erika passou um tempo ao lado de Franziska, mas depois foi dançar em meio à pequena multidão daquele lugar. Franziska terminou aquele copo, mas não chegou a pedir outro. Não se sentia no clima para estar naquele lugar, na realidade, ela estava apenas cumprindo ordens, sendo a babá de Erika, praticamente.

VazioOnde histórias criam vida. Descubra agora