Capítulo 1

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O elevador me levou até o quarto andar, abriu suas portas e esperou-me sair. Assim que sai, tropecei em algo no chão, uma pequena elevação, e cai lindamente no chão. O corredor estava relativamente vazio, deixando minhas bochechas na cor normal. Um arranhar de garganta me fez olhar para cima e logo em seguida revirar os olhos. Elliot Del Negro, o antigo empregado de meu falecido pai me olhava de cima em toda sua glória. Ele estendeu a mão para mim e me ajudou a levantar.

-Eu realmente pensei que fosse ficar com a irmã mais velha.-Ele disse.

-Você cresceu ou seus sapatos de velhinho tem saltinhos?-Sorri.

Deixa eu explicar. Elliot é provavelmente o cara mais alto que já conheci. Tudo bem que minha opinião não vale muito, pois eu tenho um metro e sessenta, mas assim, até meu falecido pai tinha que levantar um pouco a cabeça para falar com ele. Além de alto, Elliot era másculo e bruto. O tipo perfeito de homem imponente e arrogante, não só no jeito de ser, mas também na aparência física. Ele tinha o queixo quadrado e com um pequeno furinho, um nariz reto e grande, grossas sobrancelhas, olhos dourados, uma boca carnuda e rosada, braços e pernas bem torneadas e musculosas, costas largas e aquele cabelo ridiculamente penteado para trás. Eu ficara hipnotizada toda vez que ele me olhava com aqueles olhos dourados, mas é claro que não deixava transparecer nada. Eu não queria compromisso com um cara que me compraria coisas só para jogar na minha cara depois, eu tenho certeza que Elliot faria uma parada dessa.

-Infantil como sempre.

-Atura ou surta, meu amor.

Ele revirou os olhos e sacou o celular do bolso.

-A partir de hoje você e eu dividiremos um motorista durante o horário de trabalho, teremos uma sala, e faremos milhares de planilhas para calcular os custos, lucros etc.

Ele me olhou e sorriu. Ele sabe que eu odeio planilhas. Numa das vezes que visitei a matriz da empresa, ele me explicara as planilhas de alguns custos diários e semanais. Eu sorri e fingi que entendi. Depois daquele dia eu fugi dele e de suas planilhas toda vez que ia visitar a matriz. É lógico que ele percebera.

-Vou te mostrar sua sala. A minha fica em frente, então qualquer coisa é só ligar ou ir lá.

O corredor se estendia à nossa frente. Nas portas via-se os nomes das salas em alto relevo. Reuniões, Informática, Refeitório, Câmeras. No final do corredor tinha duas salas com o mesmo nome : Gerência.

-Qual é a sua sala e qual é a minha?

-A sua é a da direita. Vamos, entre.-Ele me empurrou para perto da porta à minha direita.

-Não me empurre.

Entrei na sala e me surpreendi com a aparência da mesma. As paredes eram de um creme bem claro com uns pingos pretos. Colocaram quadros de montanhas nas paredes e um relógio digital. Tinha alguns vasos com plantas aparentemente artificiais nos cantos da sala, um sofá de dois lugares, uma estante, uma mesa grande com duas cadeiras à sua frente e uma grande e de couro atrás. Atrás da cadeira de couro tinha uma enorme janela com cortinas. Joguei minha bolsa numas das cadeiras e admirei a vista. Muitos prédios e carros, ao longe o Pão de Açúcar e mais longe ainda, quase invisível, o Cristo Redentor.

-É de seu agrado?

-O que? Eu posso mudá-la?

-É lógico Petúnia.-Ele disse exasperado e revirou os olhos.

-Maravicher.

-Que?

-Nada. Então? Quando começamos o trabalho?

Ele sentou-se numa das cadeiras em frente a mesa e apontou a cadeira atrás da mesa com o queixo.

-Ligue o computador e abra as pastas.

Herdeira LegítimaOnde histórias criam vida. Descubra agora