Capítulo 3

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-EU JÁ DISSE QUE NÃO ENCONTREI NINGUÉM, PELO AMOR DE DEUS!-Estrondos ecoaram através das paredes.-VOCÊ É MUITO PARANOICA!-Mais estrondos.

Maria surgiu na porta com os olhos arregalados.

-Dá pra ouvir lá do elevador.

-Ele está no telefone a tarde inteira. Eu nem entrei, tenho amor a minha vida.

Ela riu nervosa.

-Estou com medo dele ter destruído a sala.-Ela disse.

-No mínimo quebrou a mesa e as cadeiras.

-Bem, eu vou vazar, estou apavorada o suficiente.-Ela acenou.-Todos já foram. Boa sorte aí.

Eu ri e acenei para ela. Os estrondos pararam mas a gritaria não.

-SE VOCÊ CONTINUAR COM ESSA MERDA...ISSO MESMO...EU NÃO AGUENTO VOCÊ DESSE JEITO!

Bem, isso é chato. Eu não sabia da vida pessoal de Elliot, mas ele não parecia ser do tipo que traia. Bem, as aparências enganam, mas que não parecia, não parecia.

Terminei uma planilha e dei um ufa. Eu estava começando a pegar o jeito daquilo. Minha caneca estava vazia, o que me fez levantar para pegar mais. Esses dois meses foram intensos. Além da hora extra que eu estava fazendo, eu visitava sozinha as salas da empresa. E quando saía já sabia onde desligar tudo. Eu sai da sala e quando fechei a porta, ouvi um barulho de vidro se espatifando. Entrei na sala de Elliot e a primeira coisa que eu vi foi ele acertando a mesa de vidro. No chão via-se várias coisas de vidro e madeira quebrados, inclusive os cacos do celular dele. Ele se preparava para socar outra parte da mesa quando eu exclamei.

-Ei!-Larguei minha caneca numa estante qualquer.

Sua mão parou no caminho e ele virou-se para mim. Recuei com a intensidade de seu olhar. Parecia que ia sair chamas deles. Um olhar capaz de te queimar vivo, se isso fosse possível.

-Sai daqui Petúnia.-Eu continuei ali parada.-SAI AGORA!-Ele berrou. Seu peito subia e descia.

Eu poderia estar me cagando de medo, mas eu não iria sair. Não depois de ver a mão dele toda ensanguentada. Mesmo sabendo que ele iria gritar comigo de novo, eu me aproximei. Elliot recuou um passo e ficou de costas.

-Petúnia, se você sabe o que é perigo, é melhor sair daqui.

-Ata. E deixar você quebrar o prédio inteiro?

-Muito engraçado.-A voz dele tremia de raiva.-Estou falando sério.-As costas dele subiam e desciam.

-E eu também. Vou fazer você se acalmar. E eu não quero você me dando patadas.

-Por que está fazendo isso? Eu não preciso disso.-Seus punhos cerraram, fazendo mais sangue pingar.

-É claro que precisa.-Encarei as suas costas subindo e descendo.-Não sei porque tô fazendo isso. Você é super grosso e me assustou pra valer. Mas acho que você só precisa, sei lá...se acalmar.

-Eu não preciso e eu não quero.

-Olha só, a menos que saiba se cuidar sozinho, o que eu acho que não vai rolar, porque você tá se tremendo ai como se sofresse de mal de parkinson, eu vou limpar a sua mão.

-Sei me virar sozinho.

-Para de graça. Você ficou aí quebrando as coisas, parecia que tava tendo a Terceira Gue...

Ele se virou tão repentinamente que cortou minha fala. Seu rosto, de perto, estava pingando de suor e estava todo vermelho.

-Continue.

Herdeira LegítimaOnde histórias criam vida. Descubra agora