-Formiguinha!
Olhei para trás e encarei um rosto conhecido. Minha cara caiu e eu pisquei algumas vezes para crer.
-Ian?-Sussurrei desacreditada.
Ele não havia mudado. A mesma pele clara, os mesmos olhos escuros, o mesmo topete arrumado, as mesmas roupas e o mesmo sorriso ridículo e cínico.
-Olha ela! Tá bem mais gostosa que da última vez. Minha nossa.-Ele me analisou.
Deixa eu te explicar. Ian Marlboro é meu ex de anos atrás, quando eu era uma adolescente revoltada. Sim, Marlboro e por ironia ou coincidência, ele fumava também cigarros dessa marca. Ian só piorou minha "rebeldisse", não acrescentou em nada na minha vida e ainda me pôs chifres bem pesados quando não lhe dei exatamente o que ele queria. Isso foi tipo um choque de realidade para mim, o que me ajudou um pouco depois. Eu e ele namoramos em Nadile, a cidade onde eu nasci e vivi quase toda a minha vida. Achei que nunca mais o veria na minha vida.
-E você tá bem mais ridículo que dá última vez. Você ficou mais idiota ou mais pervertido?
-Wow, garota. Não precisa me atacar com essa boquinha. Quem é esse aí? É o seu novo namoradinho?
-Te interessa por acaso?
Ele olhou para Elliot, esperando-o dizer alguma coisa. Para minha surpresa e talvez alívio, Elliot deixou no balcão uma nota de cinquenta reais, pegou na minha mão, puxando-me e encostou os lábios na minha testa. Não foi tão rápido, e nem tão devagar. Foi...um toque. Então ele dirigiu seus olhos dourados em chamas para Ian.
-Respeite a minha namorada, você não me conhece e não sabe do que sou capaz.
Ian continuou com o sorriso debochado, mas vi sua sobrancelha tremer. Eu só havia visto sua sobrancelha tremer quando ficamos bêbados demais e quase fomos espancados por uns carinhas do crime. História pra outro dia.
-Eu conheço a Formiguinha, sei muito bem seus pontos fracos. Vem cá, você está com ela a quanto tempo?
-E isso te diz respeito? Eu acho que não. Vamos.
Elliot me puxou e me pôs seu braço em volta dos meus ombros.
-Não se aproxime dela, ouviu bem?
Ele não esperou resposta. Sacou o celular e ligou para Mário. Enquanto aguardávamos o mesmo, Elliot se embrenhou na biblioteca de uma forma que só ele sabia. Quando teve certeza de que estávamos sozinhos, ele me soltou.
-É...hum...ah...-Me embolei nas palavras.
-Nem vem com essa. Isso certamente não é da minha conta, mas se for longe de mais vai ter que ser.-Ele disse cruzando os braços.
-Você não tinha que se meter.
-Ah não? E você ia se defender, por acaso? Porque, pela sua cara, você ia só rebater, entre aspas, o necessário.
-Eu já estava indo embora, Elliot. E outra coisa, discutir com ex idiotas não vale o esforço.
-Então você prefere que deixem falar de você vulgarmente e na sua frente? Sério mesmo, Petúnia?
Primeiramente eu fiquei sem o que dizer. Então pensei em apenas despejar a verdade do porquê eu não revidei contra Ian.
-Eu o conheço o bastante para saber que isso não funciona. Ele e um estranho são duas pessoas diferentes.
-Seria diferente se fosse um estranho?
-Lógico, Elliot! Acorda! Minha mão já tinha voado na cara dele a muito tempo. Isso se eu não quisesse jogar o café nele.
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Herdeira Legítima
De TodoEu preciso saber como uma empresa funciona, como posso fazê-la lucrar horrores e crescê-la ao máximo. Se eu não conseguir isso dentro de nove meses, eu perco meus direitos como herdeira, propriedades que ganhara de meu pai e qualquer vínculo com a e...