Capítulo 22

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Entrei no carro de Mário e relaxei pela milésima vez no dia. SPA Orange com mamãe não é exatamente o que eu gosto de fazer, mas olha, aquilo foi maravilhoso. Tomamos o melhor banho quente, ganhamos diversas massagens, fizeram as minhas unhas e cabelo e ainda me aconselharam produtos bons para ele. Mamãe ficou doida, e logo anotou cada marca para poder comprar para mim depois. Eu nem discuti. Ela sempre faz o que quer mesmo.

-Você está bem?-Elliot pergunta.

-Sim, por quê?

-Você não prestou atenção na reunião, almoçou sozinha, não bebeu meia caneca de café e não discutiu comigo uma só vez.-Parecia estranho até para mim.

-Ah, bem. Eu fui ao SPA ontem.

Ele arregalou os olhos. Então riu.

-É sério! Meu Deus, é tão difícil acreditar que eu fui lá?

-Na verdade é.

-Ah, fala sério!

Continuamos a rir e depois ficamos em silêncio. Quando o carro parou em frente a minha casa, me despedi com um "boa noite" e entrei ainda tranquila. Fui direto para o meu banheiro e tomei aquele banho. Deitei na minha cama e adormeci.

***

Aaaaah, que fome!

Levantei sentindo minha barriga doer. É claro, eu tinha ido dormir sem jantar! Pus meu roupão por cima das roupas curtas e decotadas de dormir que eu estava usando. Saí do quarto em silêncio e desci devagar até a cozinha. Na verdade, a casa estava silenciosa até demais. A medida que me aproximei da cozinha, ouvi um gemido que parecia vir de lá. Caminhei na ponta dos pés e me aproximei da porta.

Quase dei um berro ao ver minha mãe sentada na pia e Lionel Lamar de joelhos no chão com a cabeça entre as pernas dela. Saí correndo sem me importar com o barulho que causei e entrei em meu quarto. Se eu estava com raiva? Eu estava assustada, não, espantada. Suspirei e fiquei na minha por alguns minutos. Tranquei a porta do meu quarto e fiquei só ouvindo. Um tempo depois eu ouvi algumas risadinhas e portas abrindo e fechando. Esperei e destranquei a minha, abri-a e observei o corredor. Me encostando na parede, apurei minha audição e fui andando devagar para o final do corredor. As risadinhas voltaram e eu segui-a. O som me levou para o quarto da mamãe. Encostei a orelha na porta e pude ouví-los rindo e gemendo. Mas que merda é essa? O que mamãe pensa que está fazendo? Sacudi a cabeça incrédula e fui para a cozinha de novo. Comi o que restara do jantar e me certifiquei de não encostar na pia. Então subi para o meu quarto e fiquei até quase de manhã sem dormir, ainda revivendo a vergonha e a raiva que senti da minha mãe.

***

Na manhã seguinte, eu tentei fazer meu melhor teatro para disfarçar a vergonha. Mas eu não nasci para disfarçar. Então, me sentei e bebi meu café em silêncio. Mamãe agia como se nada tivesse acontecido. Então o sentimento de vergonha se tornou uma raiva tão intensa que meu rosto começou a queimar. Enchi minha caneca pela quarta vez e saí da mesa.

-O que houve com ela?-Ouvi Rosé perguntar antes de eu sair da sala de jantar.

Corri pro jardim e fiquei por lá até dar a hora de ir trabalhar.

***

Quando cheguei na empresa, as​ imagens da noite passada ainda piscavam diante dos meus olhos. Eu estava possessa. Tão brava que a megera entrou na minha sala me chamando de florzinha e eu nem prestei atenção.

-Florzinha, estou falando com você! Acorda!- Vi suas mãos balançarem próximas do meu rosto.

-É o que, garota?!-Exclamei.

Herdeira LegítimaOnde histórias criam vida. Descubra agora